terça-feira, 12 de abril de 2011

Novo setor hoteleiro movimentará R$ 4 bi

12/04/2011 - Correio Braziliense, por Diego Amorim

Avaliada em cerca de R$ 800 milhões, área que será vendida pela Terracap na 901 Norte deve atrair investimentos de R$ 3,2 bilhões na construção de até 14 hotéis, com um total de 3,5 mil leitos de hospedagem. Construtoras se preparam para participar da licitação pública

A confirmação de que o Governo do Distrito Federal vai licitar uma extensa área verde na 901 Norte para construção de hotéis movimentou os mercados imobiliário e da construção civil. A notícia, adiantada pelo Correio em junho do ano passado, foi confirmada pelo governador Agnelo Queiroz (PT) em entrevista publicada na edição de domingo. Empresários estimam que a expansão do Setor Hoteleiro Norte pode movimentar cerca de R$ 4 bilhões em obras. Somente o terreno, segundo previsão inicial, valeria hoje entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões.

Dona da área, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) informou que os estudos para o lançamento do edital estão em andamento. Empresas nacionais e de fora do Brasil já deram início a negociações para fechar parcerias e tentar arrematar o terreno. Em 2010, o então responsável pelos assuntos relacionados à Copa do Mundo no GDF, Sérgio Graça, contou que o espaço teria capacidade para 14 prédios. Mas quem ganhar a licitação pode decidir erguer um único empreendimento, com número menor de edifícios.

O objetivo do governo em liberar a área para construção de hotéis é aumentar a quantidade de leitos na capital federal e atender, com folga, a demanda provocada pelo Mundial, do qual a cidade será uma das sedes — Brasília disputa ainda o direito de ser o palco do jogo de abertura da Copa. Para receber os visitantes, estima-se que a capital federal precise de pelo menos mais 8 mil leitos de hospedagem. De acordo com Agnelo, o novo espaço diminuiria esse total em 3,5 mil. O restante poderia ser contemplado com flats e albergues. Um hotel que será erguido na região do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek também ajudará a suprir essa carência.

A área em questão fica perto do Colégio Militar e bem próxima do Estádio Nacional de Brasília.
“É um lugar nobre e o último espaço livre na área central da cidade. O mercado está se movimentando. A gente percebe todas as grandes empresas esperando o lançamento do edital”, disse o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Elson Ribeiro de Póvoa. Segundo ele, o setor sabe que a área foi regularizada — o que o GDF não confirma — e a licitação não deve demorar a sair. “Até porque temos pouco tempo. O governo terá que correr”, completou.

Por enquanto, há poucas informações oficiais divulgadas sobre a venda do terreno. De acordo com o presidente da Associação dos Dirigentes de Mercado Imobiliário do DF, Adalberto Valadão, o setor aguarda com ansiedade as definições. “Caso se concretize a venda da área, isso será ótimo para a cidade, não só pensando na Copa”, afirmou Valadão. A consultora em mercado imobiliário Gina Fonseca reforçou que não faltarão grandes investidores interessados na área. “Só resta sabermos se o espaço será de fato liberado a tempo de a obra ficar pronta para o Mundial”, ponderou.

O DF possui cerca de 75 hotéis e 20 mil leitos disponíveis. O parque hoteleiro convive com o dilema de excesso de demanda entre terça e quinta-feira — quando o Congresso Nacional está em pleno funcionamento — e ociosidade entre sexta e segunda. Esse cenário faz com que a taxa média de ocupação dos hotéis em Brasília gire em torno de 58%, abaixo da média nacional, de 65%. Com frequência, o setor lança promoções para atrair os próprios brasilienses nos fins de semana.

A superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no DF informou que, por ora, não foi acionada para se manifestar sobre a possível ampliação do Setor Hoteleiro Norte. A assessoria destacou que qualquer expansão no Plano Piloto precisa passar pelo crivo do órgão e deixou claro que, antes do lançamento do edital de licitação, é necessária a avaliação de que o projeto não fere o tombamento. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (ABIH-DF), Thomaz Ikeda, se diz contrário a novas obras. “O governo está preocupado com a Copa do Mundo. Eu quero saber é o que vai acontecer depois. Hotéis vão quebrar”, disse.
70 mil lugares

O projeto da nova arena do DF prevê cobertura em estrutura metálica, reforma das arquibancadas, eliminação da pista de atletismo, rebaixamento do gramado e estacionamentos no subsolo. O estádio terá capacidade para 70 mil pessoas, independentemente de a capital ser escolhida ou não como sede da abertura do campeonato mundial de futebol de 2014, conforme o Correio revelou no último domingo.

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