domingo, 18 de dezembro de 2011

Como nasce uma cidade: Unindo as solidões do Brasil

17/12/2011 - Correio Braziliense

Pode-se criticar a escolha de Juscelino pelas rodovias e seu desinteresse pelas ferrovias mas, o que não se pode negar é que, com asfalto ou trilhos, a construção de Brasília motivou a imediata interligação do território brasileiro que até então era um arquipelágo de ilhas isoladas em sua imensidão continental. Foi se lembrando de um argumento do bandeirante Fernão Dias ( “Um país se conquista pela posse da terra”), e da ferrovia que os Estados Unidos construíram, em 1867, para ligar Nova York e São Francisco (a costa leste à costa oeste) que o presidente teve “a visão do que deveria ser feito.” Mais tarde, ele explicou: “Rasgaria um cruzeiro de estradas, demandando dos quatro pontos cardeais, tendo por base Brasília (…) Concebi, pois, o plano das grandes longitudinais, cortadas, quase na perpendicular, pelas grandes transversais. No centro do sistema ficaria Brasília, que seria uma torre para contemplar o Brasil” (Por que construí Brasília, página 84).

Se a escolha de Juscelino foi pelo sistema rodoviário, ele não pôde abdicar das ferrovias, nos primeiros tempos da construção. Elas foram essenciais para o transporte de material de construção, já que havia ramais ferroviários não muito distantes do sítio da capital. O mais próximo, a 163km, ficava em Vianópolis (GO), e pertencia à Estrada de Ferro Goiás. O outro, em Anápolis. Era preciso ligar os pontos. Antes de Brasília, já existiam precárias estradas de terra que ligavam Anápolis a Planaltina, passando por Corumbá, Granja do Torto e Brazlândia. Eram trilhas por onde vinham as mercadorias e o serviço postal para as cidades a nordeste de Goiânia.

Em menos de quatro anos, entre o começo da construção e a transferência da capital, Juscelino havia praticamente duplicado a malha rodoviária brasileira asfaltada. Dos 7.063km que existiam em 1957, para os 13.875km em 1961. Considerando as rodovias ainda não pavimentadas, a rede subiu de 23 mil km (em 1955) para 43 mil km (em 1961). Era uma época de petróleo barato e da chegada da indústria automobilística ao Brasil. Foi nos governos militares que ocorreu a pavimentação de boa parte das estradas brasileiras, tanto federais quanto estaduais.

O começo da era do rodoviarismo no Brasil foi comemorado de forma triunfal. Em 1º fevereiro de 1960, a Caravana da Integração Nacional chegava a Brasília, vinda dos quatro pontos cardeais — Norte, Sul, Leste e Oeste. Os comboios de carros montados no Brasil eram a prova de que o país estava ligado de uma ponta a outra, de um lado a outro. Nesse dia, JK desfilou de pé, pela abertura no teto de uma Romi-Isetta. A foto é uma das mais conhecidas daqueles anos dourados.

Os dois engenheiros
Se para construir Brasília, Deus teve o esmero de reunir num só tempo e geografia Juscelino, Israel Pinheiro, Lucio Costa e Oscar Niemeyer (como dizia Darcy Ribeiro); para interligar o Brasil, o destino juntou dois engenheiros com forte vocação para abrir estradas: Bernardo Sayão e Regis Bittencourt. O primeiro já havia atravessado a nado o Rio das Almas, nos anos 1940, para criar a primeira colônia agrícola do Centro-Oeste, por determinação do governo Getúlio Vargas.

Desde esse tempo, Sayão sonhava com uma rodovia ligando o Norte ao Planalto Central brasileiro. Considerado um dos maiores engenheiros rodoviários do país, Bittencourt dirigiu o Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) no governo Juscelino. Antes, tinha dado provas de sua capacidade de trabalho. Em 1951, abriu e pavimentou a Rodovia Presidente Dutra (Rio-SP) em 22 meses. O feito deu-lhe o cargo de diretor do DNER no governo Getúlio Vargas.

Mas até o experiente e intrépido engenheiro hesitou diante do entusiamo de Juscelino. Em suas memórias, JK diz que o DNER não enxergava o Brasil sob uma dimensão panorâmica. Trabalhava “com a visão restrita ao seu setor específico“. Daí, escreveu o presidente, “o espanto, e mesmo a resistência do engenheiro Régis Bittencourt, diretor do DNER, quando lhe falei do plano de construir um cruzeiro de estradas, cujos braços teriam cinco mil quilômetros cada um, e que ligaria, pelo interior, as regiões situadas nos quatro pontos cardeais do Brasil.“

Nos anos JK, Regis Bittencourt construiu as rodovias Rio-Belo Horizonte, Belo Horizonte-Brasília; São Paulo-Curitiba (rodovia que tem o seu nome), Cuiabá-Porto Velho, Volta Redonda-Três Rios, Nova Rio-Petrópolis; e duas pontes, a da Amizade, sobre o Rio Paraguai, na divisa com o Brasil, e a ponte sobre o Rio Guaíba, em Porto Alegre. Segundo conta Atahualpa Schimitz da Silva Prego, engenheiro que abriu a pista do aeroporto de Brasília, Bittencourt bateu um recorde na construção de rodovias ao vencer 1km por dia de estrada, na rodovia Brasília-Belo Horizonte, hoje trecho da BR-040. A contagem do tempo levou em conta desde o desmatamento até a pavimentação, colocação de cerca marginal e sinalização horizontal e vertical, ainda segundo Atahualpa em A memória da pavimentação no Brasil.

Como se vê, não era só em Brasília que se trabalhava em ritmo acelerado. Já em meados de 1957, o presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), Israel Pinheiro, juntou uma pequena comitiva e empreendeu uma expedição científica que saiu do Rio de Janeiro em 23 de abril em direção ao Planalto Central. O naturalista e industrial Paulo Asch relatou a experiência em texto publicado no jornal O Globo de 12 de agosto de 1957 (aqui reproduzido de Brasília, o enigma da esfinge, de Luis Carlos Lopes).

“A viagem transcorreu normalmente até Curvelo (a 164km de Belo Horizonte), quando então começou a nossa terrível odisseia — escreveu Asch. Os caminhos carroçáveis que há 25 ou 30 anos talvez tivessem sido boas estradas (sic), eram o nosso suplício constante. Basta frisar que prevíramos atingir Brasília em viagem normal, no dia 3 de maio. Chegamos no dia 6, assim mesmo porque, modificado nosso planejamento, mantínhamos uma média de 18 a 20 horas de viagem. Tal era o estado das estradas que éramos obrigados a uma velocidade média de cinco quilômetros e a todo instante surgiam imprevistos tais como atoleiros…“

A essa altura, as obras da BR-060 já haviam começado.Um mês de ter sido criada, a Novacap anunciou a imediata construção da rodovia Brasília-Anápolis. Era outubro de 1956. Menos de dois meses mais tarde, Juscelino autorizou a companhia a fazer concorrência administrativa (em vez de licitação, procedimento mais rigoroso e demorado) para a abertura e pavimentação da estrada. Passados pouco mais de 70 dias, começam os estudos de campo da Brasília-Belo Horizonte. Foi nesse ritmo que começam a surgir as rodovias radiais, como são chamadas as vias que partem da capital do país em direção aos extremos do país (veja quadro).

Nenhuma das obras, porém, superou em heroísmo a abertura da Belém-Brasília (assunto da edição de número 9 desta série, publicada em 10 de setembro de 2011). A morte de Bernardo Sayão, abatido pela queda de uma árvore no meio da selva, a poucos dias de completar a ligação das frentes norte e sul da estrada, acabou por consolidar o sentido heroico do feito.

Havia quem acreditasse que o traçado mais fácil para ligar o Brasil era o de uma rodovia litorânea (a
atual BR-101. “Todos aceitavam como perfeitamente exequível — escreveu Juscelino — a construção da longitudinal Brasília-Rio Grande do Sul (trecho da Rodovia Transbrasiliana). Julgavam impossível, porém, a abertura da Belém-Brasília e das suas congêneres, a Brasília-Acre (inconclusa) e a Brasília-Nordeste (atual BR-020).” Insistia-se em unir o Brasil pelo litoral, esquecendo-se mais uma vez de que havia um imenso território desconhecido e desabitado.

Para que Brasília pudesse ser construída e habitada era imprescindível a construção e a liberação imediata de duas rodovias, a de acesso a Anápolis e a de ligação com Belo Horizonte. Unida a esses dois pontos, a nova capital estaria conectada aos principais centros do país, Rio e São Paulo. O registro diário das obras do período da construção de Brasília (veja ao lado) mostra que, naqueles anos 1956/1960, havia um formigueiro de homens e máquinas cortando o Brasil em todas as direções.


A abertura da rodovia Belém-Brasília mostrou que, por baixo da selva amazônica, havia altos relevos

Aventura em quatro cantos
A ideia, dizem, foi do major José Edson Perpétuo, ajudante de ordens de JK. Começar a festa da inauguração de Brasília com uma grande caravana de carros de fabricação nacional saindo dos quatro cantos do país e atravessando rodovias recém-construídas ou em construção. Quase 300 homens, entre motoristas, engenheiros, operários, mecânicos, jornalistas e aventureiros em geral ocuparam 130 veículos de pequeno e grande porte, desde a Romi-Isetta, o carro miniatura, até os ônibus FNM, de jipe a Rural Willys, de Kombi a Fusca, de Simca Chambord a Toyota Land Cruiser, num diversificado e eufórico desfile da emergente indústria automobilística brasileira. O grupo que saiu de Porto Alegre percorreu 2,2 mil km; o que partiu de Cuiabá venceu 1,1 mil km; a Coluna Leste saiu do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro; e a Norte desceu de Belém numa expedição heroica que atravessou 2,2km de uma rodovia ainda em construção. Na manhã de 2 de fevereiro de 1960, as quatro colunas se encontraram em Brasília com Juscelino desfilando de Romi-Isseta, apesar da chuva fina.
“É a completa consumação da posse da terra”

Trecho da mensagem de ano-novo de Juscelino ao brasileiros (janeiro de 1957):
“Somos geograficamente um dos maiores países deste planeta, onde vive um povo em condições de aperto. Em torno de nossa vastidão, os descampados, o país por conquistar, sítios admiráveis e, no entanto, nos agrupamos à beira do mar, espiando as fases das marés. Constitui um refrão monótono dizermos que necessitamos ocupar o nosso pais, possuir a terra, marchar para o oeste, voltar as costas ao mar, e não permancer eternamente com o olhar fixo nas águas como se pensássemos em partir, em voltar. Do Brasil nenhum de nós partirá jamais porque esta é a noção nação e pátria. A fundação de Brasília é um ato político cujo alcance não pode ser ignorado por ninguém. É a marcha para o interior em sua plenitude. É a completa consumação da posse da terra. Vamos erguer no coração do nosso país um poderoso centro de irradiação de vida e progresso. Sei e medi todas as consequências dessa mudança da capital. Não desconheço que acrescentei esforços e canseiras maiores aos duros trabalhos que pesam sobre os ombros do governo. Mas era preciso dar o passo decisivo. E o passo decisivo foi dado.”

DATAS

1956
18 de outubro
A Novacap anuncia que começará, imediatamente, a construção da rodovia Brasília-Anápolis.

1º de dezembro
Juscelino autoriza a Novacap a fazer concorrência administrativa para a construção e o asfaltamento da Brasília/Anápolis.

1957
11 de fevereiro
A Novacap anuncia o começo dos estudos de campo da rodovia Brasília-Belo Horizonte.

3 de abril
Juscelino segue para Jataí (GO) onde vai inaugurar a rodovia que liga a cidade a Alto Araguaia (MT).

14 de maio
Bernardo Sayão chega a Belém do Pará para discutir com a SPVEA dois convênios para a construção de duas rodovias, a Belém-Brasília e a Salvador-Brasília, via Barreiras.

31 de agosto
Juscelino sobrevoa, em pequeno avião da Novacap, o percurso de 130 quilômetros em construção da Brasília/Anápolis.

7 de novembro
Ao lado de Bernardo Sayão, Juscelino sobrevoa o traçado da futura Belém-Brasília. A esse tempo, 40km já haviam sido abertos e asfaltados, entre Belém e Guamá (PA). 700km desde Anápolis em direção a Belém já estavam encascalhados. 90km da rodovia Brasília/Anápolis estavam em fase de pavimentação.

14 de novembro
O DNER autoriza a construtora Andrade Gontijo a executar o reconhecimento parical, exploração, projeto e locação da rodovia Brasília-Belo Horizonte.
O serviço custa Cr$ 20 milhões.

30 de novembro
Cinco empreiteiras executam serviços de terraplenagem e pavimentação da Brasília/Anápolis. Outras cinco constroem as sete pontes necessárias. A Novacap começa as obras do trecho Brasília/Luziânia da rodovia Brasília/BH. Foi aberta concorrência para execução dos trechos restantes.

1958
2 de janeiro
O DNER anuncia abertura de concorrência pública para a construção e pavimentação da rodovia Brasília/BH no trecho Paracatu/Luziânia. Serviços orçados em Cr$ 380 milhões.

7 de janeiro
O DNER abre concorrência pública para pavimentação do trecho João Leite/Goiânia da BR-14. Serviço orçado em Cr$ 82,5 milhões.

18 de janeiro
O DNER anuncia abertura de concorrência pública para construção e pavimentação da Brasília-BH, trecho Canoeiras-Paracau (MG). Serviços orçados em Cr$ 380 milhões.

22 de janeiro
O DNER anuncia abertura de concorrência pública para construção e pavimentação do trecho João Pinheiro-Cristalina da rodovia Brasília-BH. Serviços orçados em Cr$ 380 milhões.

17 de abril
O DNER anuncia abertura de concorrência pública para construção de uma ponte de concreto sobre o rio São Marcos, na rodovia Brasília/BH.

15 de maio
Juscelino cria a Rodobrás (Comissão Executiva da Rodovia Belém-Brasília).

30 de junho
Juscelino inaugura a Brasília-Anápolis, com 130km de extensão, e que representa o primeiro ponto de apoio a Brasília por terra, vinculando-a ao sistema rodoferroviário nacional. A estrada tem 11 pontes. Começou a ser construída em maio de 1957.

1959
1º de fevereiro
Juscelino participa, em Açailândia, da cerimônia que comemorou a ligação da frente Norte com a frente Sul das obras da Belém-Brasília.

28 de abril
Estão abertas 16 frentes de trabalho, com 14 mil trabalhadores, na rodovia Brasília-Fortaleza, que terá uma extensão de 2 mil km e passará por quatro estados: Piauí, Ceará, Bahia e Goiás.

1º de junho
Faltam apenas 19km de terraplenagem para se completar a ligação rodoviária entre Brasília e Belo Horizonte.

15 de setembro
Concluída a ponte sobre o Rio São Marcos, na divisa entre Minas e Goiás.

5 de novembro
Mais uma ponte, sobre o Rio Falcão, é concluída na rodovia Brasília-Belo Horizonte. É a 31ª das 35 obra de arte previstas para a estrada.

1960
18 de janeiro
99,3% do serviço de terraplenagem da rodovia Brasília-Belo Horizonte estão concluídos.

31 de janeiro
Liberado o trânsito na rodovia Brasília-Belo Horizonte para a passagem da Caravana da Integração Nacional, vinda do Rio
de Janeiro em direção a Brasília.

15 de fevereiro
Concluídas as pontes da Brasília-Belo Horizonte.

17 de abril
A rodovia Brasília-BH é inaugurada, mas o tráfego já havia sido entregue ao público desde 31 de janeiro.

LEITURAS
» A memória da pavimentação no Brasil, Atahualpa Schimitz da Silva Prego, Associação Brasileira de Pavimentação, 2001
» Brasília, o enigma da esfinge, Luís Carlos Lopes, Editoras da Unisinos e da UFRJ, 1996
» Diário de Brasília, 1958/1959/1960, Serviço de Documentação da Presidência da República, 1960
» Por que construí Brasília, Juscelino Kubitschek, Senado Federal, 2000

LEIA NA EDIÇÃO DE 31 DE dezembro DE 2011 — A construção da Plataforma Rodoviária, a obra de Lucio Costa que é ao mesmo tempo arquitetura e urbanismo

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Brasília ganhará Casa da ONU e coloca Brasil no cenário internacional

09/12/2011 - Correio Braziliense

Projeto do complexo que será erguido no Setor de Embaixadas Norte

Brasília será a próxima cidade do mundo a receber uma Casa da Organização das Nações Unidas (ONU). A pedra fundamental do primeiro módulo do complexo foi lançada na tarde de ontem. Depois de 40 anos desde o recebimento do terreno no Setor de Embaixadas Norte, cedido pelo Governo do Distrito Federal, a expectativa é de que o prédio seja entregue no segundo semestre de 2012. Além da importância para a diplomacia brasileira, as autoridades locais comemoram a retomada da área para organismos internacionais.

Com mais de 3 mil metros quadrados, a primeira fase do projeto abrigará o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo do Pnud, o Protocolo de Montreal e o Departamento de Segurança da ONU. A previsão inicial do orçamento da obra é de cerca de US$ 5,1 milhões. Do total, dois terços são de contribuição do governo brasileiro %u2014 o restante é de responsabilidade da própria ONU.

Para o coordenador residente do Sistema ONU e representante do Pnud no Brasil, Jorge Chediek, o projeto ressalta a relevância do país no cenário mundial de cooperação internacional. Começamos a realizar um sonho de longa data, cujo início quase coincide com o nascimento de Brasília. O Brasil tem se tornado um ator importante internacionalmente e tem recebido demanda de outros países por políticas sociais de sucesso%u201D, afirma. Atualmente, existem mais de 60 Casas da ONU no mundo.

O complexo faz parte do conceito de presença unificada dentro dos países. Por enquanto, as agências da ONU estão espalhadas pela capital federal. A ONU Mulheres e o Pnud ficam no Sudoeste; e a Unesco, no Setor de Autarquias Sul. Com a reunião de todos eles em um único endereço, Brasília também reocupa o Setor de Embaixadas Norte, área destinada a representações internacionais.

Do ponto de vista urbanístico, estamos consolidando a área com o objetivo com que foi pensada. A Casa da ONU vai ser uma espécie de âncora e vai atrair outras embaixadas a construírem escritórios aqui. É uma região privilegiada pela proximidade com as estruturas governamentais%u201D, defende o administrador regional de Brasília, Messias de Souza. Ele também se animou com a ideia de Chediek de criar um Parque das Nações quando o complexo estiver pronto.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

E o Bilhete Único?

23/11/2011 - Rafael Martins

Dando início a série de reportagens sobre o transporte do DF e Entorno, vamos falar hoje sobre a promessa de implantação do Bilhete Único Metropolitano.

Reportagem de Rafael Martins

Usar o transporte coletivo do DF diariamente não é tarefa fácil. Os desafios enfrentados pelos passageiros todos sabem na ponta da língua. Veículos superlotados, frota sucateada, tarifa alta, falta de integração entre outros.

Promessa e carro-chefe da campanha no setor de transportes do atual governador Agnelo Queiroz, o Bilhete Único Metropolitano pretendia não só integrar os modais de transporte do DF (ônibus-ônibus, ônibus-metrô, ônibus-VLT e etc), mas também integrar o sistema de transporte do Entorno com o do DF. Segundo o Jornal de Brasília em matéria publicada no dia 07 de agosto, uma pesquisa feita para uma tese de mestrado, na Universidade de Brasília (UnB), mostra que, em pouco mais de 60% dos deslocamentos, é preciso utilizar mais de uma linha de ônibus para se chegar ao destino desejado. E o pior é que, em quase todos esses casos, o usuário precisa pagar por duas ou até três passagens. Isso, porque apenas 20 das 1.006 linhas de ônibus existentes são integradas. O jeito é tomar dois ônibus e pagar duas passagens para ir ao trabalho. Nessa rotina, entre esperar e viajar nos ônibus para chegar ao destino, há quem passe até cinco horas por dia se locomovendo e chegue a gastar até R$ 300 com passagem a cada mês.

Para quem mora no Entorno e não tem uma linha direta ao destino desejado, desembolsa ainda mais. As principais rotas do Entorno para o DF tem como destino o Plano Piloto e Taguatinga. "É díficil para mim. Moro em Planaltina de Goiás mas trabalho em Taguatinga e não tem ônibus daqui direto para lá. Então tenho que pagar a mais no metrô, que é o meio mais rápido para eu chegar no meu serviço. Se tivesse esse bilhete único, ajudaria demais, eu teria uma economia no fim do mês e tanto, pois quase todo meu salário é para bancar a passagem", diz a vendedora Rafaela Mendonça. "Eu pego 4 ônibus por dia. É cansativo além de caro. Gasto em média 12 reais por dia, e isso pesa no final do mês, e ainda queriam aumentar a passagem. Daqui uns dias vou ter de parar de comer pra bancar a passagem. Então acho que está mais na hora de ter uma integração aqui em Brasília. Isso é uma vergonha para uma capital do país.", reclama a babá Rosemeire Dantas que mora na Guariroba, na cidade de Ceilândia. "E ainda querem a Copa por aqui. Faça-me o favor, se o básico que é integrar o sistema de transporte não estão conseguindo, que dirá que darão conta de planejar e executar uma logistica nesse setor para um evento desse. Isso é inaceitável", desabafa o aposentado Gabriel Armando.

O preço médio da passagem no DF é R$ 2,00, mas nas cidades mais afastadas como Ceilândia, Brazlândia e Itapoã, por exemplo, o passageiro tem de desembolsar 3,00. Para um trabalhador que recebe um salário mínimo, uma boa parte é para o custeio do transporte. A integração além de gerar economia para quem usa o tranporte, facilitaria os deslocamentos, já que todo o sistema, independente do modal de transporte, estaria todo integrado. Um bom exemplo de começo de integração são as linhas da estatal TCB com o Metrô-DF. Basta que o usuário utilize o cartão “FACIL’ (Vale-Transporte ou Cidadão) no Metrô e lhe será cobrado R$ 3,00 (três reais), a partir deste momento, você terá um prazo de 02 (duas) horas para ingressar nos ônibus da TCB e lá nada lhe será cobrado. No trajeto de volta, o passageiro utiliza os ônibus da TCB e será cobrado no cartão “FÁCIL” R$ 1,50 (um real e cinqüenta centavos) e no prazo de (02) duas horas será apenas mais R$ 1.50 (um real e cinqüenta centavos) no Metrô. Isto é integração. "Moro em Samabaia mas trabalho na Esplanada. Os ônibus direto demoram muito, e o conforto e agilidade do metrô em relação ao ônibus compensa mais. Uso a integração do Metrô com a TCB e me deu uma boa economia no fim do mês. Se eu gastava em média R$ 250 reais, hoje gasto um pouco mais que R$ 140.", diz a cozinheira Vânia Pires. "Para quem mora perto do Metrô e trabalha no Plano é ótimo. É uma economia, bem que podia estender essa integração para todas as linhas", diz o analista de sistemas Daniel Faria.

O primeiro passo para a mudança do sistema de transporte coletivo foi dado. Em junho o GDF retomou o controle da Fácil, que detinha a bilhetagem eletrônica. Segundo o G1, para o DFTrans, a gestão direta pode mudar a realidade que os usuários enfrentam diariamente. “O governo vai poder identificar com mais precisão custos e receitas. Até para que possamos discutir a questão da tarifa com segurança. Precisamos ter mais controle”, ressaltou.

Vale ressaltar que a integração de todo o sistema está prevista no programa Brasília Integrada.

O programa

O Brasília Integrada é um marco conceitual que estabelece novas diretrizes relativas à melhoria do transporte urbano do Distrito Federal.

Todas as ações desenvolvidas para a área de transportes no DF devem estar em consonância com os conceitos do Brasília Integrada:

- integração das políticas urbanas e de transporte do DF

- priorização do transporte público coletivo e dos modos não motorizados visando o desenvolvimento sustentável

- instituição do sistema integrado de transporte

- melhoria da mobilidade dos cidadãos e segurança de tráfego (pedestres, ciclistas e motoristas)

- acessibilidade universal

- adoção de novas tecnologias de transporte coletivo

- modernização dos sistemas de controle de oferta e demanda

- elaboração de projetos de infra-estrutura de apoio compatíveis com as necessidades da população

O segundo passo está na licitação de todo o sistema, que com ela poderá vir a integração. É importante lembrar que a atual licitação, de 900 ônibus, encontra-se suspensa, pois houve questionamentos na modalidade de se licitar o sistema. O GDF normalmente licita frota, mas o modelo mais viável é bacia de linhas e é o que foi recomendado para que o GDF mudasse, para seguir adiante na mudança do sistema de transporte coletivo da capital.

Enquanto não há uma mudança radical em todo o sistema, o passageiro tem de enfrentar todos os dias os mesmos problemas que são rotina em suas vidas. E a pergunta que o passageiro faz é: quando é que teremos o bilhete único e um sistema eficiente? Uma pergunta teoricamente que é fácil de ser respondida, mas praticamente díficil de ser concretizada.

As informações sobre o Brasília Integrada encontra-se no site da Secretaria de Transportes, bem como o PTU(Programa de Transporte Urbano do DF) do qual o Brasília Integrada faz parte.

E o Bilhete Único?

23/11/2011 - Rafael Martins

Dando início a série de reportagens sobre o transporte do DF e Entorno, vamos falar hoje sobre a promessa de implantação do Bilhete Único Metropolitano.

Reportagem de Rafael Martins

Usar o transporte coletivo do DF diariamente não é tarefa fácil. Os desafios enfrentados pelos passageiros todos sabem na ponta da língua. Veículos superlotados, frota sucateada, tarifa alta, falta de integração entre outros.

Promessa e carro-chefe da campanha no setor de transportes do atual governador Agnelo Queiroz, o Bilhete Único Metropolitano pretendia não só integrar os modais de transporte do DF (ônibus-ônibus, ônibus-metrô, ônibus-VLT e etc), mas também integrar o sistema de transporte do Entorno com o do DF. Segundo o Jornal de Brasília em matéria publicada no dia 07 de agosto, uma pesquisa feita para uma tese de mestrado, na Universidade de Brasília (UnB), mostra que, em pouco mais de 60% dos deslocamentos, é preciso utilizar mais de uma linha de ônibus para se chegar ao destino desejado. E o pior é que, em quase todos esses casos, o usuário precisa pagar por duas ou até três passagens. Isso, porque apenas 20 das 1.006 linhas de ônibus existentes são integradas. O jeito é tomar dois ônibus e pagar duas passagens para ir ao trabalho. Nessa rotina, entre esperar e viajar nos ônibus para chegar ao destino, há quem passe até cinco horas por dia se locomovendo e chegue a gastar até R$ 300 com passagem a cada mês.

Para quem mora no Entorno e não tem uma linha direta ao destino desejado, desembolsa ainda mais. As principais rotas do Entorno para o DF tem como destino o Plano Piloto e Taguatinga. "É díficil para mim. Moro em Planaltina de Goiás mas trabalho em Taguatinga e não tem ônibus daqui direto para lá. Então tenho que pagar a mais no metrô, que é o meio mais rápido para eu chegar no meu serviço. Se tivesse esse bilhete único, ajudaria demais, eu teria uma economia no fim do mês e tanto, pois quase todo meu salário é para bancar a passagem", diz a vendedora Rafaela Mendonça. "Eu pego 4 ônibus por dia. É cansativo além de caro. Gasto em média 12 reais por dia, e isso pesa no final do mês, e ainda queriam aumentar a passagem. Daqui uns dias vou ter de parar de comer pra bancar a passagem. Então acho que está mais na hora de ter uma integração aqui em Brasília. Isso é uma vergonha para uma capital do país.", reclama a babá Rosemeire Dantas que mora na Guariroba, na cidade de Ceilândia. "E ainda querem a Copa por aqui. Faça-me o favor, se o básico que é integrar o sistema de transporte não estão conseguindo, que dirá que darão conta de planejar e executar uma logistica nesse setor para um evento desse. Isso é inaceitável", desabafa o aposentado Gabriel Armando.

O preço médio da passagem no DF é R$ 2,00, mas nas cidades mais afastadas como Ceilândia, Brazlândia e Itapoã, por exemplo, o passageiro tem de desembolsar 3,00. Para um trabalhador que recebe um salário mínimo, uma boa parte é para o custeio do transporte. A integração além de gerar economia para quem usa o tranporte, facilitaria os deslocamentos, já que todo o sistema, independente do modal de transporte, estaria todo integrado. Um bom exemplo de começo de integração são as linhas da estatal TCB com o Metrô-DF. Basta que o usuário utilize o cartão “FACIL’ (Vale-Transporte ou Cidadão) no Metrô e lhe será cobrado R$ 3,00 (três reais), a partir deste momento, você terá um prazo de 02 (duas) horas para ingressar nos ônibus da TCB e lá nada lhe será cobrado. No trajeto de volta, o passageiro utiliza os ônibus da TCB e será cobrado no cartão “FÁCIL” R$ 1,50 (um real e cinqüenta centavos) e no prazo de (02) duas horas será apenas mais R$ 1.50 (um real e cinqüenta centavos) no Metrô. Isto é integração. "Moro em Samabaia mas trabalho na Esplanada. Os ônibus direto demoram muito, e o conforto e agilidade do metrô em relação ao ônibus compensa mais. Uso a integração do Metrô com a TCB e me deu uma boa economia no fim do mês. Se eu gastava em média R$ 250 reais, hoje gasto um pouco mais que R$ 140.", diz a cozinheira Vânia Pires. "Para quem mora perto do Metrô e trabalha no Plano é ótimo. É uma economia, bem que podia estender essa integração para todas as linhas", diz o analista de sistemas Daniel Faria.

O primeiro passo para a mudança do sistema de transporte coletivo foi dado. Em junho o GDF retomou o controle da Fácil, que detinha a bilhetagem eletrônica. Segundo o G1, para o DFTrans, a gestão direta pode mudar a realidade que os usuários enfrentam diariamente. “O governo vai poder identificar com mais precisão custos e receitas. Até para que possamos discutir a questão da tarifa com segurança. Precisamos ter mais controle”, ressaltou.

Vale ressaltar que a integração de todo o sistema está prevista no programa Brasília Integrada.

O programa

O Brasília Integrada é um marco conceitual que estabelece novas diretrizes relativas à melhoria do transporte urbano do Distrito Federal.

Todas as ações desenvolvidas para a área de transportes no DF devem estar em consonância com os conceitos do Brasília Integrada:

- integração das políticas urbanas e de transporte do DF

- priorização do transporte público coletivo e dos modos não motorizados visando o desenvolvimento sustentável

- instituição do sistema integrado de transporte

- melhoria da mobilidade dos cidadãos e segurança de tráfego (pedestres, ciclistas e motoristas)

- acessibilidade universal

- adoção de novas tecnologias de transporte coletivo

- modernização dos sistemas de controle de oferta e demanda

- elaboração de projetos de infra-estrutura de apoio compatíveis com as necessidades da população

O segundo passo está na licitação de todo o sistema, que com ela poderá vir a integração. É importante lembrar que a atual licitação, de 900 ônibus, encontra-se suspensa, pois houve questionamentos na modalidade de se licitar o sistema. O GDF normalmente licita frota, mas o modelo mais viável é bacia de linhas e é o que foi recomendado para que o GDF mudasse, para seguir adiante na mudança do sistema de transporte coletivo da capital.

Enquanto não há uma mudança radical em todo o sistema, o passageiro tem de enfrentar todos os dias os mesmos problemas que são rotina em suas vidas. E a pergunta que o passageiro faz é: quando é que teremos o bilhete único e um sistema eficiente? Uma pergunta teoricamente que é fácil de ser respondida, mas praticamente díficil de ser concretizada.

As informações sobre o Brasília Integrada encontra-se no site da Secretaria de Transportes, bem como o PTU(Programa de Transporte Urbano do DF) do qual o Brasília Integrada faz parte.

sábado, 19 de novembro de 2011

DF: Construção do novo centro administrativo do GDF preocupa população

19/11/2011 - Jornal de Brasília

Aconstrução do novo Centro Administrativo do Governo do Distrito Federal em Taguatinga preocupa moradores e trabalhadores da região. Um dos temores é com o trânsito que deverá ficar mais intenso. Além disso, os mais antigos já sentem saudade da antiga Rodoviária, desativada para dar lugar à nova estrutura.

Quem mora na região diz até aprovar a ideia, mas confessa estar ansioso. “A vinda do governo para cá traz benefícios, e isso ninguém pode negar, mas será que estão pensando na infraestrutura? O trânsito vai piorar muito”, observa o comerciante Pedro Antônio.

Para aqueles que trabalhavam na Rodoviária a preocupação é outra. “A gente sente, porque tem muitos anos que trabalha aqui, mas acredito que com a nova, podemos melhorar as vendas”, opina o comerciante Natan Borges. Ele avalia, ainda, que o Centro Administrativo trará mais segurança para a região.

A localização da nova Rodoviária, que recebe diariamente cerca de 50 ônibus interestaduais e 200 coletivos urbanos, deve ser nas proximidades do Estádio Serejão. O problema é que a estrutura será provisória e não há previsão para a construção da instalação definitiva.

De acordo com o administrador de Taguatinga, Carlos Alberto Jales, as obras do Centro Administrativo podem começar no final deste mês. Com a construção, o GDF pretende reduzir gastos com aluguel e facilitar o trabalho da administração pública. Tapumes já estão sendo colocados em volta da Rodoviária de Taguatinga e os trabalhadores, aos poucos, começam a ser remanejados.

O projeto prevê a construção do novo Centro Administrativo do GDF em uma área de 198 mil metros quadrados, próxima à estação 22 do metrô, ao lado do Estádio Serejão, , próximo aos acessos a Ceilândia e Samamabia. “O governo deve estar perto do povo. Aqui, todos poderão ver de perto a nossa realidade. É muito mais justo”, afirma a operadora de fotocopiadora Fernanda Barbosa de Oliveira.


A decisão do GDF de construir a nova sede naquele local foi determinada para desafogar o centro de Brasília. Além disso, integra parte da linha verde e 60% dos servidores do governo reside naquela cidade, em Ceilândia e em Samambaia.

Parceria

As obras serão realizadas por meio de uma Parceria Público Privada (PPP) onde a iniciativa privada arca com o custo da obra, que deve ser concluída em dois anos, após seu início. O consórcio responsável pelo novo Centro Administrativo é o Centrad, formado pela Via Engenharia e a Odebrecht. Deverão ser investidos R$ 480 milhões para construir 15 prédios. As empresas ainda serão responsáveis por toda a manutenção e operação dos edifícios.

A expectativa do governo é que cerca de R$ 12,7 milhões sejam economizados com aluguel. No primeiro ano – prazo de entrega de sete prédios – o GDF vai pagar R$ 4,4 milhões mensais. Doze meses depois, quando o complexo estiver concluído, o valor passa para R$ 14 milhões, a serem pagos durante 20 anos. No fim deste prazo o prédio será do governo.

Fonte: Jornal de Brasília (http://www.clicabrasilia.com.br/site/noticia.php?id=376013&)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Estacionamento da Esplanada tem primeiro aval do Iphan
15/07/2011
O projeto anunciado nesta quarta pelo governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, de construir um estacionamento subterrâneo na Esplanada dos Ministérios não deve encontrar oposição do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). De acordo com o superintendente do órgão no Distrito Federal, Alfredo Gastal, o Iphan já tinha sido comunicado da proposta e “em princípio” não é contra. A Esplanada, assim como toda a área do Plano Piloto, é tombada.
A proposta deve passar pelo órgão que, segundo Gastal, pretende acompanhar de perto todas as etapas para garantir que não haja danos ao patrimônio da área. “Talvez, de toda a área tombada do Plano Piloto, a Esplanada (dos Ministérios) seja a mais importante porque é o eixo. Mas para resolver o problema de estacionamento em Brasília a fórmula principal é investir em um transporte público de massa moderno”, disse o superintendente do Iphan.
Hoje, o problema de falta de vagas para estacionamento na Esplanada é crítico. O Eixo Monumental, via que dá acesso aos ministérios, ao Congresso Nacional, Palácio do Planalto, Supremo Tribunal Federal (STF) e outros órgãos, é formado por seis faixas. As laterais são usadas indevidamente como estacionamento. “Acompanharemos (o projeto) com o maior interesse porque isso pode ser uma alternativa para deixar a paisagem da Esplanada livre para respirar, porque as faixas laterais viraram estacionamento”, declarou Gastal.
Segundo Agnelo, até setembro deve ser lançado o edital para que tenha início o processo de construção do estacionamento que visa abranger todo o gramado central da Esplanada dos Ministérios. A estimativa é que ele esteja pronto até o início da Copa do Mundo de 2014.
Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Asa Norte ganha calçadão de lazer

Flávia Maia
Publicação: 03/07/2011 13:10 Atualização: 03/07/2011 17:21
Foi inaugurado na manhã deste domingo (3/7) o calçadão da Asa Norte, situado entre as vias L2 e L4 Norte, próximo a Ponte do Bragueto. A obra faz parte Projeto Orla, que pretende democratizar o acesso ao Lago Paranoá. A próxima construção será o calçadão da Asa Sul, perto da Ponte das Garças.

Estiveram presentes na cerimônia governador Agnelo Queiroz, o vice Tadeu Filippelli, o secretário de Obras Luiz Pitman, o administrador de Brasília José Messias, e o secretário de Turismo Luís Otávio Neves.

"Aqui era uma reivindicação antiga dos moradores da Asa Norte e esse ponto se transformará em uma importante opção de lazer e turismo da capital", diz Agnelo.

Monumento

O calçadão da Asa Norte tem 22 mil m², ao total, e 2km de extensão, construído com madeira e concreto. A obra fica às margens do Lago Paranoá. Tem estacionamento para 100 carros, playground para crianças, equipamentos de ginástica, praças de convivência e pergolados.
O espaço de lazer custou R$ 4 milhões.
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Correio Braziliense

sexta-feira, 27 de maio de 2011

GDF terá que investir R$ 6 bilhões para melhorias no trânsito

27/05/2011 - G1 DF, com informações Bom Dia DF

Principais pontos de congestionamento já foram identificados pelo Detran/DF.

Corredores exclusivos para ônibus serão criados de imediato.

Secretaria de Transporte terá que investir R$ 6 bilhões em obras para melhorar o trânsito no Distrito Federal, num prazo de dez anos. De imediato, corredores exclusivos para ônibus serão criados na tentativa de aliviar a vida dos motoristas. Um teste deve ser feito nos próximos dois meses, na descida do Colorado.

Os principais pontos de congestionamento já foram identificados pelo Detran/DF. Pela manhã, foram mapeados 12 pontos de grande congestionamento. À tarde, na volta para casa, são quatro pontos difíceis: um dos mais críticos fica no Eixo Monumental, no sentido da antiga Rodoferroviária.

O Plano Diretor de Transporte Urbano da Secretaria de Transporte terá financiamento de três organismos internacionais e do PAC da Mobilidade do Governo Federal.

Confira os pontos críticos nas vias do Distrito Federal, mapeados pelo Detran/DF:

Manhã

- DF 025 - Balão do aeroporto - Saída Sul - Eixo Rodoviário ( para acessar viaduto e pegar EPAR);
- EPGU - Zoológico até 1º semáforo da L4;
- Eixo Rodoviário Sul - retenção/diminuição de velocidade próximo à Rodoviária do Plano Piloto;
- Setor Policial Sul - até ENAP;
- EPTG - da Oi Brasil Telecom (SIA) até o semáforo da Octogonal;
- EPTG - viaduto Israel Pinheiro - acesso de Águas Claras e Park Way à EPTG;
- Hélio Prates - retenções semafóricas;
- BR 070 - da Faculdade Jesus Maria José até o viaduto do Pistão Norte;
- Estrutural - redução da velocidade na pista sul (acesso ao Jóquei) e no viaduto Ayrton Senna;
- Eixo Rodoviário Norte - do balão do Colorado até o balão do Torto e até a Ponte do Bragueto;
- DF 150 - balão do Colorado no acesso da BR 020;
- Eixo Monumental via S1 - da Catedaral Rainha da Paz até a Rodoviária do Plano Piloto;
- EPNB - do balão do Riacho Fundo até a EPIA.

Tarde

- Eixo Monumental via N1 - da Esplanada dos Ministérios até o Palácio do Buriti;
- Eixão Norte - da altura das quadras 15/16 até a Ponte do Bragueto e até o balão do Torto;
- EPTG - próximo ao viaduto Israel Pinheiro e do Wall Mart de Águas Claras até o centro de Taguatinga;
- EPNB - da Candangolândia, próximo ao setor de postos e motéis até o acesso ao Park Way.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Novo setor hoteleiro movimentará R$ 4 bi

12/04/2011 - Correio Braziliense, por Diego Amorim

Avaliada em cerca de R$ 800 milhões, área que será vendida pela Terracap na 901 Norte deve atrair investimentos de R$ 3,2 bilhões na construção de até 14 hotéis, com um total de 3,5 mil leitos de hospedagem. Construtoras se preparam para participar da licitação pública

A confirmação de que o Governo do Distrito Federal vai licitar uma extensa área verde na 901 Norte para construção de hotéis movimentou os mercados imobiliário e da construção civil. A notícia, adiantada pelo Correio em junho do ano passado, foi confirmada pelo governador Agnelo Queiroz (PT) em entrevista publicada na edição de domingo. Empresários estimam que a expansão do Setor Hoteleiro Norte pode movimentar cerca de R$ 4 bilhões em obras. Somente o terreno, segundo previsão inicial, valeria hoje entre R$ 700 milhões e R$ 800 milhões.

Dona da área, a Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) informou que os estudos para o lançamento do edital estão em andamento. Empresas nacionais e de fora do Brasil já deram início a negociações para fechar parcerias e tentar arrematar o terreno. Em 2010, o então responsável pelos assuntos relacionados à Copa do Mundo no GDF, Sérgio Graça, contou que o espaço teria capacidade para 14 prédios. Mas quem ganhar a licitação pode decidir erguer um único empreendimento, com número menor de edifícios.

O objetivo do governo em liberar a área para construção de hotéis é aumentar a quantidade de leitos na capital federal e atender, com folga, a demanda provocada pelo Mundial, do qual a cidade será uma das sedes — Brasília disputa ainda o direito de ser o palco do jogo de abertura da Copa. Para receber os visitantes, estima-se que a capital federal precise de pelo menos mais 8 mil leitos de hospedagem. De acordo com Agnelo, o novo espaço diminuiria esse total em 3,5 mil. O restante poderia ser contemplado com flats e albergues. Um hotel que será erguido na região do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek também ajudará a suprir essa carência.

A área em questão fica perto do Colégio Militar e bem próxima do Estádio Nacional de Brasília.
“É um lugar nobre e o último espaço livre na área central da cidade. O mercado está se movimentando. A gente percebe todas as grandes empresas esperando o lançamento do edital”, disse o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do DF (Sinduscon-DF), Elson Ribeiro de Póvoa. Segundo ele, o setor sabe que a área foi regularizada — o que o GDF não confirma — e a licitação não deve demorar a sair. “Até porque temos pouco tempo. O governo terá que correr”, completou.

Por enquanto, há poucas informações oficiais divulgadas sobre a venda do terreno. De acordo com o presidente da Associação dos Dirigentes de Mercado Imobiliário do DF, Adalberto Valadão, o setor aguarda com ansiedade as definições. “Caso se concretize a venda da área, isso será ótimo para a cidade, não só pensando na Copa”, afirmou Valadão. A consultora em mercado imobiliário Gina Fonseca reforçou que não faltarão grandes investidores interessados na área. “Só resta sabermos se o espaço será de fato liberado a tempo de a obra ficar pronta para o Mundial”, ponderou.

O DF possui cerca de 75 hotéis e 20 mil leitos disponíveis. O parque hoteleiro convive com o dilema de excesso de demanda entre terça e quinta-feira — quando o Congresso Nacional está em pleno funcionamento — e ociosidade entre sexta e segunda. Esse cenário faz com que a taxa média de ocupação dos hotéis em Brasília gire em torno de 58%, abaixo da média nacional, de 65%. Com frequência, o setor lança promoções para atrair os próprios brasilienses nos fins de semana.

A superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no DF informou que, por ora, não foi acionada para se manifestar sobre a possível ampliação do Setor Hoteleiro Norte. A assessoria destacou que qualquer expansão no Plano Piloto precisa passar pelo crivo do órgão e deixou claro que, antes do lançamento do edital de licitação, é necessária a avaliação de que o projeto não fere o tombamento. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Distrito Federal (ABIH-DF), Thomaz Ikeda, se diz contrário a novas obras. “O governo está preocupado com a Copa do Mundo. Eu quero saber é o que vai acontecer depois. Hotéis vão quebrar”, disse.
70 mil lugares

O projeto da nova arena do DF prevê cobertura em estrutura metálica, reforma das arquibancadas, eliminação da pista de atletismo, rebaixamento do gramado e estacionamentos no subsolo. O estádio terá capacidade para 70 mil pessoas, independentemente de a capital ser escolhida ou não como sede da abertura do campeonato mundial de futebol de 2014, conforme o Correio revelou no último domingo.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Novacap conclui obras da nova Feira da Torre de TV e tapumes são retirados

07/04/2011 - Correio Braziliense - Thais Paranhos

Operários dão os retoques finais nas novas bancas da Torre de TV
O tapume que cercava as obras da nova Feira da Torre de TV foi retirado na manhã desta quinta-feira (7/4) para dar início ao processo de transferência dos comerciantes das barracas azuis, abaixo da torre, para o novo espaço.

A Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) já finalizou as obras, mas os boxes ainda deverão passar por inspeções feitas pela Coordenadoria de Cidades. Após essa avaliação, e somente com o consentimento da coordenadoria, é que os feirantes poderão ocupar as novas lojas.

Eles reclamaram o fato de a nova Feira não ter obedecido o projeto original e denunciam superfaturamento. Por meio de nota oficial, a Novacap informou que o projeto foi executado de acordo com as exigências feitas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Seduma), do Corpo de Bombeiros e outros órgãos.

Segundo a Novacap, existem divergências nas quantidades do metro quadrado de calçadas e esquadrias referente ao aditivo de 2010. O problema foi encaminhado à presidência da companhia e ainda estão sendo apurados pela secretaria de Transparência.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Há 15 anos, brasilienses esperam por espaços de lazer na orla do Paranoá

18/01/2011 - O Globo - Renato Alves

Uma enorme estrutura de madeira sobre o Lago Paranoá chama a atenção de quem passa pela Ponte do Bragueto. Certamente, a maioria não faz ideia do que se trata. Não há placa próxima ou qualquer informação no tapume em torno da construção. Mas é uma obra pública do Governo do Distrito Federal, um píer de mais de 700 metros de comprimento. Ela faz parte do Projeto Orla, criado há 15 anos, esquecido por mais de uma década, retomado pela administração de José Roberto Arruda (ex-DEM) e estagnado no governo provisório de Rogério Rosso (PMDB), apesar de haver dinheiro garantido. O atual secretário de Turismo, Luís Otávio Neves, anunciou que vai retomar as obras do Projeto Orla (leia entrevista na página ao lado).

Concha Acústica: a imagem de 2009 fica cada dia pior, sem chances de ser um espaço para os artistas
Além do píer, a empreitada perto da ponte de acesso ao Lago Norte previa um calçadão de 720m, quiosques e jardins. Orçada em R$ 2 milhões, a obra deveria ter sido concluída em julho. Agora, não há mais prazo. Rosso deixou o GDF garantindo a continuidade do trabalho, apesar do aparente abandono, com tapumes destruídos e a área em construção constantemente invadida por pessoas que ignoram as cercas e sd placas de acesso proibido. Mesmo cenário apresenta outra obra do Projeto Orla, ao lado da Ponte JK, onde palmeiras foram arrancadas e brinquedos são alvo de vândalos.

Batizada de Beira Lago, a área de lazer perto da Ponte JK custaria R$ 2,1 milhões ao governo local. O espaço teria píeres e calçadões na beira do Lago Paranoá — do início da Ponte JK até o clube da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol). Estavam garantidos também estacionamentos públicos (sem número de vagas definido), um parquinho infantil e uma praça com fontes. Além disso, instalação de lixeiras e jardinagem completa, com o plantio de grama e palmeiras e sistema de irrigação. Mas tudo está pela metade, sem condição de uso.

Risco a visitantes
Mesmo com a precariedade, a área sob a mais nova ponte do Lago Paranoá atrai centenas de visitantes nos fins de semana. Muitos passam pelo cercado da obra e circulam pela terra batida. Crianças se arriscam nos brinquedos de madeira inacabados. Não há vigilantes para impedir a invasão e a depredação. “Como tudo aqui em Brasília, só quem tem muito dinheiro tem lazer com segurança e conforto. Essa área está abandonada porque é pública. Veja os restaurantes ao redor, que beleza. São particulares, e os donos sabem investir para atrair a clientela”, observou o aposentado João Carlos Honório, 72 anos, que havia ido ao lago com parentes moradores da Bahia.

No píer em construção sob a Ponte do Bragueto, somente os antigos pescadores da região desfrutam da obra inacabada. “Está muito melhor para a gente porque não precisamos mais ficar no meio do mato, ao lado de ratos, cobras e lixo”, afirma o comerciante Antônio Valceli Alves, 32 anos. Morador da 707 Norte, ele costuma pescar no Lago Paranoá, sempre no mesmo local, todos os fins de semana. “Claro que se ficar pronto, como nos disseram há um tempão, será melhor ainda, pois terá o gramado, lanchonete, tudo bonitinho”, acrescentou. O mesmo espera seu vizinho e companheiro de pescaria, Vanderlei de Oliveira, 55. “Esse aqui é o nosso principal lazer”, comentou.

Planos alterados
O Complexo Beira Lago constava como o Polo 6 do Projeto Orla, mas não previa um espaço gastronômico, como é hoje. No plano original, a intenção era atender às necessidades cotidianas da população vizinha à área, com comércio de pequeno e médio porte, além de centros de lazer com casas de espetáculos e uma marina.

MEMÓRIA
Diversão para todos
Idealizado em 1995 por meio de lei do então deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB), o Projeto Orla visa dar vida às margens do Lago Paranoá com a criação de 11 polos culturais que democratizariam o acesso ao espelho d’água. A Concha Acústica, por exemplo, está inserida no terceiro polo. Em princípio, a ideia seria a construção de píeres, hotéis, restaurantes, bares, museus, cinemas, centros tecnológicos e quiosques. Mas até agora pouca coisa saiu do papel. Dos 11 setores, o único que deu certo foi o Pontão do Lago Sul, inaugurado em 2000.


Retomada frustrada
Então vice-governador do DF e secretário de Turismo, Paulo Octávio anunciou a retomada do Projeto Orla em outubro de 2009. Prometeu a conclusão das três etapas nas festividades da comemoração dos 50 anos de Brasília, em um investimento de R$ 22 milhões. Tirado dos cofres do GDF e da União, esse dinheiro seria usado na construção sob a Ponte do Bragueto, na área de lazer da Ponte JK e na reforma da Concha Acústica, inserida em um dos 11 polos culturais (veja Memória) do Projeto Orla. Eles democratizariam o acesso ao espelho d’água, que ao longo do tempo teve as margens tomadas por construções particulares ilegais.

Pelos planos apresentados por Paulo Octávio, a Concha Acústica, totalmente abandonada, ganharia um prédio cultural com quatro salas, preparado para apresentações musicais. A área de 22 hectares também receberia 18 novos quiosques comerciais e um píer para apoio a embarcações e banhistas. Mas a obra nem sequer teve início, apesar de o Ministério do Turismo ter empenhado R$ 17,14 milhões para a reforma da Concha Acústica, por meio da bancada do DF da Câmara dos Deputados. No entanto, segundo o ministério, o GDF ficou devendo alguns documentos para a consolidação do convênio em que entraria com R$ 1,9 milhão.

A mais recente reforma na região da Concha Acústica, construída em 1969, ocorreu em 2003. Na época, o GDF desembolsou R$ 500 mil. A grande área às margens do Lago Paranoá está completamente abandonada há três anos. O mato ocupa o palco, antes frequentado por grandes nomes da música brasileira. As calçadas de pedras portuguesas estão quebradas, os bancos cheios de capim e a fiação elétrica destruída. Nas paredes do palco, rachaduras enormes. Ao redor da área, a situação é ainda pior, com quiosques depredados.

Grandes shows
Projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o local foi inaugurado bem antes da abertura do Teatro Nacional. Em 1971, recebeu o antológico show de Roberto Carlos, que emocionou 10 mil fãs. Três anos depois, o espaço seria palco de um casamento hippie. Em 1998, abrigou a primeira edição do Porão do Rock. No ano seguinte, um público três vezes maior assistiu, extasiado, à volta da banda Plebe Rude.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Habitação não vai mais entregar terrenos a pessoas de baixa renda

05/01/2011 - Correio Braziliense - Helena Mader

Um dos principais eixos da política no Distrito Federal vai mudar. Com a troca de governo, não haverá mais distribuição de lotes a pessoas inscritas na fila de espera da Companhia de Desenvolvimento Habitacional (Codhab). A partir de agora, o GDF vai financiar a construção de unidades habitacionais, ou seja, os beneficiados receberão uma casa ou um apartamento e pagarão prestações proporcionais à renda familiar. O novo sistema vai funcionar nos moldes do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.

Para reduzir o deficit habitacional e acelerar o financiamento de imóveis, o governo fará uma organização da fila, que poderá até culminar com a extinção da lista de espera. O novo secretário de Desenvolvimento Urbano, Habitação e Regularização Fundiária, Geraldo Magela, falou ontem ao Correio sobre seus planos para a pasta. “Queremos reorganizar a demanda da lista da Codhab, das cooperativas e dos inscritos no Minha Casa, Minha Vida, para que haja uma única porta de entrada e várias portas de saída. Nossa ideia é que haja transparência no processo”, explicou Magela.

Um dos primeiros desafios do novo secretário será recuperar a credibilidade da política habitacional do DF. O sistema caiu em descrédito em 2010, depois que a Polícia Civil descobriu fraudes dentro da pasta. Funcionários da Codhab foram flagrados vendendo lugar na fila de espera por lote e falsificando documentos para vender benefícios aos interessados por terrenos. Cooperativas habitacionais também estavam envolvidas nas irregularidades. Algumas associações vendiam terrenos inexistentes aos seus associados ou cobravam taxas indevidamente, com a falsa promessa de que os contribuintes seriam beneficiados.

Geraldo Magela garante que será feita uma devassa nos processos antigos, para encontrar irregularidades. Cooperativas envolvidas em fraudes serão excluídas dos programas habitacionais, garante o secretário. “Não haverá privilégios para quem quer que seja. Vamos moralizar o sistema, ouvindo sempre sugestões das sociedades e dos interessados.”

Sem improviso
A expectativa do governo com a mudança na política habitacional é melhorar a qualidade de vida dos beneficiados. Hoje, quem ganha lote muitas vezes não tem recursos para construir. Assim, o dono do terreno ergue construções improvisadas, que muitas vezes expõem os moradores a riscos de desabamento, ou acaba vendendo o imóvel doado pelo governo irregularmente.

A legislação proíbe a venda de lotes doados pelo governo por um prazo de 10 anos. Mas muitos dos beneficiados acabam cedendo às ofertas e fazem negócio por meio de contratos de gaveta. Em regiões recém-criadas pelo governo, como as quadras QNR de Ceilândia, é comum ver faixas de anúncio do terreno. Em alguns casos, os preços chegam a R$ 50 mil. “Não adianta só dar o lote. Essa é uma política clientelista. Precisamos garantir que a construção seja segura e que a área tenha a infraestrutura necessária aos moradores. Por isso, decidimos fazer essa mudança na política habitacional”, esclarece Geraldo Magela.

Dos 5.188 lotes entregues pelo GDF nos últimos quatro anos, apenas 1.243 tinham a casa construída. Em 76% dos casos, o governo doou, sem custos, apenas o terreno vazio aos inscritos na fila de espera na Codhab. Além de facilitar o financiamento para a construção de casas, a secretaria também vai atuar prioritariamente em outro eixo: a regularização fundiária de terras.

Será criada uma subsecretaria para tratar exclusivamente desse assunto. Os técnicos responsáveis vão analisar os processos dos 513 condomínios existentes no DF e também tratarão da legalização de terras vazias, com o objetivo de destiná-las a programas habitacionais. Um exemplo disso é a região conhecida como Cana do Reino, ao lado de Vicente Pires. Hoje, seria impossível conseguir financiamento da Caixa Econômica Federal para a construção de casas, já que a área não tem escritura. Com a legalização do terreno, será possível criar 4 mil unidades habitacionais.

Os brasilienses que vivem em lotes sem documentação serão beneficiados pelas novas diretrizes do governo local. “Existem cidades consolidadas, como Paranoá, Riacho Fundo II e Itapoã, por exemplo, cujos lotes não têm registro em cartório, nem escritura. A política de regularização não vai focar apenas os condomínios, mas principalmente essas regiões”, afirma Geraldo Magela. Nos últimos quatro anos, apenas 8.770 escrituras foram entregues pelo governo no Distrito Federal.

Na área de planejamento urbano, o foco prioritário do novo secretário será a revisão do Plano Diretor de Ordenamento Territorial. O Pdot foi sancionado em abril de 2009, mas se transformou em alvo de uma ação direta de inconstitucionalidade, apresentada pelo Ministério Público do DF. A revisão do Plano Diretor aprovado durante a gestão de José Roberto Arruda foi incluída como uma das metas do projeto de governo de Agnelo Queiroz, registrado no Tribunal Superior Eleitoral.

O secretário Geraldo Magela garante que vai ouvir a população e os deputados distritais, antes de enviar uma nova legislação à Câmara Legislativa. “Defendemos a revisão do Plano Diretor porque não houve efetiva participação popular e por conta dos questionamentos do Ministério Público”, justifica,

Casa própria

O programa Minha Casa, Minha Vida foi criado há quase dois anos, com o objetivo de reduzir o deficit habitacional no Brasil. O programa atende famílias com renda de até 10 salários mínimos, mas o foco é a população que ganha, no máximo, três salários mínimos. O atrativo do programa é oferecer prestações baixas, próximas ao aluguel pago por famílias, para estimular as pessoas a buscarem a casa própria.