quinta-feira, 9 de julho de 2015

A conta da Copa

09/07/2015 - Correio Braziliense

EDITORIAL

Um ano depois do histórico 7 x 1, o Brasil continua perdendo de goleada dentro e fora de campo. Desorganizados, arcaicos e corruptos, os clubes, as federações e a CBF empurram o nosso futebol ao fundo do poço. Sem comando e acuado por um Congresso inescrupuloso, o governo federal leva o país a uma crise sem precedentes.

O cenário é idêntico no campo do Distrito Federal. O governo da capital do país atravessa a maior crise financeira da história. Em parte, por causa das dívidas deixadas pelo antecessor em função de projetos mal planejados, mal executados e hiperdispendiosos.

Do tão propagado legado, a Copa em Brasília não rendeu sequer frutos ao turismo. No mês do mundial, a média de ocupação dos HOTÉISatingiu 65%, bem abaixo dos projetados 100%. Passado o evento, voltamos à média normal, de 45%, segundo o Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares do DF. Na questão mobilidade, o prometido VLT entre o aeroporto e o Setor Hoteleiro Sul não passou da derrubada de árvores e da demolição de um viaduto no fim da W3 Sul, que acabou reconstruído. O governo Agnelo Queiroz (PT) entregou o BRT pela metade, com nítidas falhas na construção e na operação.

A experiência da Copa também não trouxe melhorias nas informações aos vistantes. Dos sete Centros de Atendimento ao Turista (CAT) (Setor Hoteleiro Norte, Setor Hoteleiro Sul, dois no aeroporto, Rodoviária Interestadual, Torre de TV e Praça dos Três Poderes) apenas dois funcionam. Também não há legado em urbanização. Ficou só na promessa da construção da via entre a W4 Norte e a W5 Sul, de dois túneis para passagem de pedestres um entre o Parque da Cidade e o Clube do Choro e outro entre o Centro de Convenções e o estádio e da urbanização das saídas dos túneis e melhorias no Complexo Esportivo Ayrton Senna.

A obra de paisagismo entre a via W3 e a Rodoviária do Plano Piloto caminha a passos curtíssimos, após ser paralisada. As calçadas do Eixo Monumental e dos setores hoteleiros tiveram a licitação revogada porque havia interferências nos locais que inviabilizaram a execução do projeto. Novo estudo foi elaborado e aguarda recursos.

Ah, mas tem o Mané Garrincha. Sim, mas estádio não pode ser considerado legado. E, em uma cidade sem futebol, menos ainda.

Tanto que, ao custo de R$ 1,5 bilhão (o Ministério Público acredita ser muito mais), acabou se transformando em sede de secretarias do GDF. Com raras e cada vez mais esvaziadas partidas entre equipes da Série A do Brasileiro, a arena mostra sinais de abandono, com elevadores parados, pisos dos vestiários danificados, cadeiras quebradas, goteiras e nenhuma obra de urbanização no entorno.

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