domingo, 16 de agosto de 2009

Asa Norte

Fim da Asa Norte e início do Lago Norte virou terreno fértil para grandes centros comerciais

Juliana Boechat

Publicação: 16/08/2009 08:10


O surgimento de shoppings e o desenvolvimento do comércio mudaram a realidade dos moradores da região norte do Distrito Federal. Em cinco anos, lotes abandonados deram lugar a um verdadeiro pólo comercial no fim da Asa Norte e início do Lago Norte. São shoppings, supermercados e centros de venda em atacado que chegam à região para suprir a necessidade das mais de 500 mil pessoas que moram pelos arredores. Com as mudanças, aparecem mais ofertas de emprego, opções de lazer e surge ainda a necessidade de melhoria no sistema viário de toda a área.

O empreendimento mais recente na região é o Boulevard Shopping, ligado ao Carrefour, no fim da Asa Norte. Inaugurado há quase dois meses, o centro comercial está se desenvolvendo em ritmo acelerado. Até dezembro, 80% do espaço do shopping deve estar preenchido – incluindo o local destinado às salas de cinema. Segundo o superintendente do Boulevard, Ricardo Mendes, cerca de 12 mil pessoas passam pelo centro comercial todos os dias em busca de alimentação, variedade de lojas ou, ainda, para chegar ao hipermercado. Para ele, a explicação do sucesso se deve à curiosidade dos moradores, que estão acostumados com pequenas lojas dentro dos supermercados.

A poucos quilômetros do Boulevard estão o Deck Norte e o Península Shopping, as duas opções de lazer e compra do Centro de Atividades do Lago Norte (CA). O Deck é o mais procurado pelos moradores do bairro. Inaugurado em janeiro de 2007, ainda tenta se estabilizar, mas sai à frente da concorrência ao oferecer salas de cinema, academia de ginástica e restaurantes e bares na praça de alimentação. “A rotatividade é muito grande, sempre tem loja abrindo e fechando. Falta um shopping de verdade ali por perto”, analisa a administradora de empresas Natália Gimenez, 21 anos, moradora da QL 8.

O Península Shopping, vizinho ao Deck, é o pioneiro na região. Foi construído em 2003 para dar opção aos moradores do Lago Norte que, até então, eram obrigados a ir ao centro de Brasília para chegar ao shopping mais perto. Mas o projeto não vingou. A maioria das lojas está com as portas fechadas e os corredores, vazios. As seis salas de cinema, prometidas na época da inauguração, nunca foram construídas. Segundo um dos funcionários, que não quis se identificar, o shopping perdeu a maioria dos lojistas devido ao alto preço do aluguel das salas comerciais. Com o aumento da concorrência na região, o diretor-executivo, Carlos Estevão, promete a ampliação e reinauguração do shopping dentro de dois meses.

Enquanto isso, moradores e empresários do local apostam todas as fichas na inauguração do Shopping Iguatemi, marcada para março de 2010. O empreendimento de visibilidade nacional promete gerar cerca de 3 mil empregos e atrair pessoas de todo o Distrito Federal — e não só do Lago Norte — para compras e lazer. Assim, os vizinhos pretendem pegar uma carona no sucesso. Atualmente, cerca de 70% das lojas do Iguatemi já têm aluguel confirmado e a obra emprega cerca de mil funcionários. “O Iguatemi vai criar um centro de poder de compra naquele local. Vai deslocar o eixo de compra para uma região que não está sendo usada”, explicou Dennis Seixas, gerente-geral do shopping.

Os empreendimentos comerciais, além de oferecerem variedade aos moradores da região, também são considerados fontes de emprego e geração de renda. Segundo o presidente do Sindicato dos Varejistas no DF (Sindivarejista), Antonio Augusto de Moraes, a expansão comercial na parte norte da cidade deve influenciar diretamente, no ano que vem, a vida de 10 mil pessoas que moram na região, seja com empregos diretos ou indiretos. “Há interesse por parte do empresário em contratar residentes de um lugar próximo, porque reduz o custo do transporte e facilita a locomoção do empregado até o local de trabalho”, explicou.

É o caso de Fernando Gonçalves, 21 anos. Ele mora no Varjão e tem dois empregos no Lago Norte: um como atendente em uma lanchonete no Deck Norte e outro como jardineiro em uma casa na QL 4. Há quatro meses, Fernando trabalhava no Sudoeste e era obrigado a pegar dois ônibus para chegar ao trabalho. Hoje, a qualidade de vida de Fernando mudou: ele vai a pé ao serviço. “Saio cedo de casa e venho andando devagar, levo 12 minutos”, contou. O jovem chega a economizar R$ 280 por mês com transporte.

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