sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Esplanada dos Ministérios passará por 'reforma verde'

17/12/2010 - O Globo - Gustavo Paul

Obras, que não vão alterar arquitetura original, custarão R$ 160 milhões por prédio, pagos por empresas de construção civil

Será aberta em fevereiro a primeira licitação para o recondicionamento de todos os prédios da Esplanada dos Ministérios para torná-los ecologicamente sustentáveis. Ao custo médio de R$ 160 milhões cada, o projeto Esplanada Sustentável prevê a "retrofitagem" (variação do termo em inglês retrofít, que é reforma geral sem alterar a arquitetura original) dos prédios, que têm 50 anos, por empresas de construção.

Criado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) com o apoio do governo federal, o projeto começará pela reforma do bloco K, onde está o Ministério do Planejamento, e a construção de seu anexo.

Ao todo, a ação prevê a recuperação dos 16 blocos de ministérios da Esplanada, para adaptá-los à filosofia sustentável, o que significa colocação de vidros que retêm até 80% dos raios solares, pintura com tinta autolimpante, troca de equipamentos obsoletos, como ar-condicionados antigos, melhoria nas luminárias e na fiação elétrica.

O projeto também inclui a construção dos últimos sete anexos dos ministérios, o que pode reduzir o custo de aluguel de imóveis pela administração federal.

O projeto amargou dois anos de discussões e burocracia até sair do papel. Idealizado no fim de 2008, foi concebido em 2009, mas por 12 meses foi submetido ao crivo de uma comissão interministerial para ser aprovado.

Cada prédio reformado no conceito retrofít custará R$ 60 milhões e mais R$ 100 milhões para manutenção por 15 anos. Os novos anexos sairão por R$ 140 milhões, em média. O custo será bancado pelas empresas de construção civil em troca da ces¬são de terrenos públicos no Distrito Federal, para construção de moradias populares, de classe média e de alto padrão.

A falta de terrenos é o principal entrave à construção de dois milhões de imóveis em quatro anos, previstos na segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida.

O setor de construção civil cresceu 11 % em 2010, o melhor resultado em 24 anos, e bateu vários recordes, como a criação de 340 mil postos de trabalho. Mas em 2011 o ritmo deve desacelerar, levando a uma expansão de 6%. O setor, admite a Cbic, não tem fôlego para manter esse ritmo.

O principal problema a ser resolvido, diz Paulo Simão, presidente da Cbic, é o saneamento. Segundo ele, mais da metade dos domicílios brasileiros não tem acesso à rede de esgoto, e a perda média de água tratada gira em torno de 40%.

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