quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Rodoviária projeta aumento superior a 300%

21/12/2010 - Agência Brasília

Além da frota normal, já estão garantidos 132 veículos extras. Expectativa é de que, entre os dias 23 e 31, o fluxo de embarques e desembarques no terminal salte de 5 mil para mais de 20 mil passageiros por dia. Destinos mais procurados são Goiânia (GO), Unaí (MG) e Anápolis (GO)

A poucos dias do Natal, as companhias que operacionalizam o serviço de passagens não param de abrir e, logo em seguida, encerrar a venda de bilhetes para ônibus e horários extras. Na Rodoviária Interestadual de Brasília, além da frota normal, já estão garantidos 132 veículos extras. A expectativa é de que, durante o período de 23 a 31 de dezembro, o fluxo de embarques e desembarques no terminal aumente de 5 mil para mais de 20 mil passageiros por dia – um aumento de mais de 300%. Os destinos mais procurados são Goiânia (GO), Unaí (MG) e Anápolis (GO).

De acordo com a administração da Rodoviária Interestadual, a previsão de movimento para o dia 23 é de 14,8 mil passageiros. Já para o dia 30, são esperadas 14, 7 mil pessoas. Diferentemente da antiga Rodoferroviária, os acompanhantes dos passageiros não têm mais acesso ao local de embarque. Quem seguir viagem para outro estado deve retirar nos guichês das empresas um ticket que permite a entrada no local onde os ônibus estão estacionados. Amigos e parentes podem assistir à partida por trás de uma barreira de vidros transparentes. 

Para facilitar a vida de passageiros e acompanhantes, painéis eletrônicos informam a previsão de chegada e partidas das viagens, dando mais tranquilidade para quem tem de esperar. Câmeras inteligentes garantem a segurança dos usuários, e os estacionamentos estão sendo bem vigiados, com um reforço na segurança.

Taxa de embarque

Desde o último dia 13, quem viaja de ônibus de Brasília para outros estados tem de pagar uma taxa de embarque. A medida foi publicada no Diário Oficial do Distrito Federal, por meio do Decreto 32.574, assinado pelo governador Rogério Rosso. 

A partir de agora, é cobrada uma tarifa de R$ 2 para linhas com distância de até 250 quilômetros do limite da unidade da federação. Para distâncias superiores, a taxa é de R$ 3,23. As linhas que têm origem ou destino na região do Entorno, consideradas de transporte rodoviário interestadual semiurbano, por sua vez, não estão sujeitas às tarifas de embarque.

As taxas de embarque são cobradas na maioria dos terminais rodoviários do País. Os valores variam de acordo com a cidade e a distância da viagem – auanto mais longe o destino, mais alta é a taxa. O dinheiro arrecadado pelos passageiros garante a manutenção dos terminais.

Terminal moderno. E verde

O Terminal Rodoviário de Brasília é uma das mais modernas estações de embarque e desembarque interestadual do Brasil. Situada às margens da Via Epia, tem 20 mil metros quadrados de área construída, com base nos conceitos da arquitetura sustentável. Para garantir mais segurança e conforto aos passageiros, o consórcio responsável pela obra investiu num sistema operacional semelhante ao dos aeroportos brasileiros e não economizou em tecnologia.

O prédio foi projetado para favorecer a iluminação natural, de modo que, ao longo do dia, quase não é necessário acender os interruptores de luz. A ideia rendeu ao projeto o título eficiência energética, concedido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). No Brasil, a nova rodoviária é um dos 11 edifícios que possuem essa classificação. 

O telhado, formado pela estrutura metálica de 10 mil metros quadrados, capta toda a água da chuva, que é armazenada e utilizada para irrigar os jardins que enfeitam o local. Além de amplo espaço e da boa circulação de ar, dois painéis gigantes com imagens de Brasília ornamentam o lugar, dando uma noção da beleza da cidade, principalmente àqueles que desembarcam na capital federal pela primeira vez. 

A obra custou cerca de R$ 55 milhões ao consórcio Novo Terminal, formado pelas empresas Socicam, que administra terminais rodoviários em outros estados brasileiros, a JCGontijo Engenharia S/A e a Construtora Artec Ltda. Um termo de concessão de 30 anos foi firmado entre governo e empresas. Ao longo desse período, o GDF não tem ônus com manutenção e funcionamento do local, e ainda recebe uma parte dos lucros arrecadados pela receita do terminal. 

Boa viagem!
Dicas para quem pretende deixar a cidade de ônibus:
• Adquira a passagem de forma antecipada
• Chegue ao terminal pelo menos uma hora antes do embarque
• Identifique as bagagens
• Não se descuide das crianças
• Tenha os documentos de todos os passageiros (inclusive das crianças)
• Se necessário, procure um funcionário ou agente de segurança devidamente identificado, ou ainda, dirija-se ao balcão de informações para o esclarecimento de eventuais dúvidas

Serviço
Tudo o que você precisa saber sobre o novo terminal rodoviário de Brasília:

Passagens
Trinta e nove empresas de ônibus interestadual operam no local. As companhias contam com bilheterias individuais e personalizadas.

Comércio
Cafés, lanchonetes, restaurantes, locadora de automóveis, lojas de presente, joalheria, sorveteria, loja de moda íntima, livraria, revistaria e lotérica.

Serviços
Sanitários e fraldário gratuitos, serviço de banho com sabonete e toalha inclusos (por R$ 6), bicicletário, carrinhos gratuitos para transporte de bagagens, guarda-volumes (R$ 3 por oito horas).

Bancos
Caixas eletrônicos do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal funcionam 24 horas. Outro terminal 24 horas, que atende a usuários de vários bancos também é oferecido aos usuários da nova rodoviária. 

Como chegar
Ônibus - Para melhorar o acesso, o DFTrans criou duas novas linhas de ônibus. A linha 108.8 percorre o trajeto Rodoviária Interestadual, Estação Shopping do Metrô, Fórum, Terminal da Asa Sul e Rodoviária do Plano Piloto, passando pela W3. Por dia, são feitas 59 viagens. Já a linha 108.9 opera como um transporte circular, entre a Rodoferroviária e a nova rodoviária, passando pela Candangolândia. Neste trecho, são feitas 10 viagens por dia.

Metrô - Localizada há poucos metros da nova rodoviária, a estação Park Shopping atende das 6h às 23h30, de segunda a sexta-feira, e das 7h às 19h, aos sábados, domingos e feriados. 

Automóvel - Quem utiliza carros de passeio deve acessar a via EPIA, em frente ao Park Shopping. No início de agosto, a via recebeu mais sinalização e modificações para melhorar o acesso dos motoristas à Rodoviária Interestadual. Foram instaladas mais nove placas de sinalização nas proximidades do local, totalizando 33 na região. O retorno próximo ao Park Shopping, no sentido Plano Piloto/Núcleo Bandeirante, foi fechado para não confundir os motoristas.
Táxi - A nova Rodoviária Interestadual conta com um ponto de táxi com 30 carros disponíveis.

Estacionamento
A nova rodoviária conta com dois estacionamentos. O privado tem 160 vagas e o público conta com 65. Há ainda sete vagas para embarque e desembarque, logo na entrada do terminal.

Acessibilidade
O terminal é totalmente acessível aos portadores de necessidades especiais. No local, não há degraus, e os corrimões são compostos de placas em braile, no acesso do limite da rua até a porta do terminal. No novo espaço há também telefones públicos para pessoas com baixa estatura e com deficiência auditiva.

Segurança
Toda a área dispõe de circuito interno de TV, postos de atendimento da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da Polícia Militar e do Juizado da Infância e Assistência Social.


Rafaella Osler - Agência Brasília


Foto
Tecnologia e ecologia

Terminal de Brasília é uma das mais modernas estações de embarque e desembarque interestadual do BrasilFoto: Georg

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Censo da Codeplan revela crescimento do SIA

20/12/2010 - DFTV 1ª Edição

Levantamento mostra que 44 mil pessoas trabalham diariamente no SIA. A maioria usa o transporte público para ir ao trabalho e quem vai de carro não tem onde estacionar.

O SIA cresceu tanto que, desde 2005, é uma cidade com administração independente do Guará. No local encontra-se todo tipo de serviço e comércio. 

São quase 2,6 mil empresas, a maioria do setor varejista (61%). Em segundo lugar está o ramo de transformação: móveis, materiais de construção e gráficas (39%). Logo depois, prestação de serviços (23%). 

Ao todo, 44 mil pessoas trabalham no SIA, a maioria é homem: 66%. E o transporte público é o meio usado pela grande maioria para chegar ao lugar. 

O primeiro censo da região deixa claro que o SIA não tem mais pra onde crescer. “Ele não tem mais espaço para crescer. Só se for vertical, e essa opção é impossível, seria um caos”, afirma o presidente da Codeplan, Edilberto Braga. 

Originalmente, o SIA nasceu para receber grandes indústrias e se previa o tráfego de caminhões pesados no setor. O comércio foi ficando tão intenso que o espaço para manobra de carretas passou a ser usado por carros pequenos. 

Hoje, estacionamento também é problema sério. “Nunca tem vaga. É preciso dar muitas voltas para chegar ao local desejado”, diz a gerente Célia Teves. 

O transporte público é outra dificuldade. “Não têm ônibus direto. São poucos que fazem o percurso. A parada está sempre cheia e se perder o ônibus, demora a passar outro”, relata uma mulher que trabalha no SIA. 

O presidente da Associação das empresas do setor, Hélio Aveiro, também reclama da falta de policiamento e só vê uma solução. “Já existem projetos para a construção de um Batalhão da Polícia Militar entre os setores de Indústrias e o de Construtoras, o que deverá ajudar segurança”, fala. 

Muitas empresas estariam saindo do SIA por falta de espaço e policiamento. 

Renata Costa / Salvatore Casella

domingo, 19 de dezembro de 2010

Nova pintura para a faixa de pedestres é aprovada pela população do DF

18/12/2010 - Correio Braziliense - Luiz Calcagno

Primeira travessia com pintura diferenciada, para tornar-se mais visível, já está em funcionamento na via S2. Transeuntes acreditam que motoristas passaram a respeitá-los mais

O modelo inovador de faixa adotado na via S2 tem na calçada uma área pintada de vermelho: alerta ao motorista para presença de pedestres (Fotos: Monique Renne/CB/D.A Press)
O modelo inovador de faixa adotado na via S2 tem na calçada uma área pintada de vermelho: alerta ao motorista para presença de pedestres

Com maior visibilidade, pintura diferenciada e sinalização ostensiva, a primeira faixa de pedestre feita de acordo com o novo modelo proposto pelo Detran-DF causa surpresa entre os brasilienses. A sinalização fica na via S2, na altura da Quadra 2 do Setor Hoteleiro Sul (SHS). Após três dias de funcionamento, atraiu a atenção não apenas dos que trabalham na região, mas também de quem veio de outros estados e está em Brasília de passagem. A novidade chega quase 15 anos após o lançamento da campanha Paz no Trânsito, que transformou a cidade na capital do respeito ao pedestre. Ontem, a reportagem do Correio ficou por cerca de duas horas no local para conferir a reação das pessoas.

Entre os pedestres que transitavam entre o SHS e o Setor Comercial Sul, apenas um, a poucos metros da nova faixa, não atravessou com segurança. E poucos motoristas não respeitaram a sinalização. O promotor de eventos Eduardo Santos, 22 anos, morador de Valparaíso, contou que passa pela faixa diversas vezes por semana, e espera bons resultados da novidade. “Gostei bastante do novo modelo. É mais visível, com isso os motoristas estão respeitando mais”, disse. “Mesmo assim, alguns motoristas continuam desrespeitando”, acrescentou.

O cozinheiro Lucas Braga dos Santos, 20 anos, morador do Recanto das Emas, trabalha em um hotel no SHS. Ele atravessa a faixa na via S2 diariamente. Para Lucas, a maior vantagem da mudança na sinalização é o fato de as pinturas terem tornado a faixa visível para motoristas a uma distância maior. “Achei que a alteração ficou muito boa. Melhorou para os pedestres, mas, principalmente, para os motoristas. Deviam fazer isso em todo o DF. A faixa branca no chão, mesmo que fique um pouco mais elevada, não é suficiente”, opinou.

Para os colegas comissários de vôo Danilo Soller, 34 anos, e Nayara Lebid, 23, que são de Curitiba, o modelo de faixa deveria ser adotado em todo o país. “São poucos os lugares em que motoristas respeitam a faixa de pedestre. Em Curitiba, se você tentar atravessar, vai ser atropelado. É preciso educar a população”, afirmou. “Foi muito interessante ver a nova faixa. Ajuda o motorista a respeitar o pedestre e o pedestre a respeitar o motorista. Em Londrina (PR) e Palmas (TO), a população também tem essa cultura. Acho que respeitam a faixa até um pouco mais que aqui”, completou Nayara.

Menos acidentes
Na próxima terça-feira, o Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF) fará campanha educativa na faixa da via S2, com folderes instruindo motoristas e pedestres sobre a sinalização e as vantagens das novas faixas de pedestre. Outras quatro sinalizações diferenciadas serão instaladas no DF nas próximas semanas (veja quadro). Com o novo modelo, o Detran pretende reduzir o número de acidentes no DF. Cada faixa repaginada vai custar cerca de R$ 5 mil.

Toda a sinalização foi pensada para orientar motoristas e pedestres na hora da travessia. A faixa amarela em zigue-zague e a calçada da mesma cor têm, por exemplo, 16 metros de comprimento, com placas de proibido parar e estacionar. A intenção é que motoristas não realizem, sequer, desembarque no trecho. Já as faixas brancas, também em zigue-zague, causam a sensação de estreitamento de pista, obrigando condutores a reduzir a velocidade.

Os tachões foram colocados principalmente para inibir motoqueiros de passarem nos corredores entre os carros. No período da noite, para reforçar ainda mais a visibilidade, os dispositivos piscam e, na calçada, o ponto da travessia foi pintado de vermelho, para chamar a atenção para o pedestre mesmo que ele não dê o sinal de vida.

O chefe da fiscalização do Detran, Silvain Fonseca, conversou com a reportagem e contou que o projeto sofreu influência de estudos internacionais. “O zigue-zague, por exemplo, foi inspirado pela Inglaterra. Buscamos 100% de respeito às faixas. Mais de 70% hoje param. Futuramente queremos adequar todas as faixas ao padrão. Vamos testar, aprimorar e ampliar”, explicou.

Estatística
De janeiro a outubro deste ano, 364 pessoas morreram nas ruas da capital federal e, dessas, 124 foram atropeladas, o que equivale a quase 35% das vítimas. Agosto de 2010 foi o mês mais violento dos últimos seis anos, com 53 acidentes fatais e 55 mortes no trânsito. Além disso, cinco pessoas morreram atropeladas em faixas de pedestre em 2010.
Colaborou Helena Mader

ONDE SERÃO AS FAIXAS-PILOTO
Pronta:
» Via S2, entre o Hotel Bonaparte e o Setor Comercial Sul;

As próximas:
» Via N3, próximo ao hemocentro de Brasília;
» Via Epia, em frente à sede do Detran;
» 1ª Avenida do Sudoeste, em frente à CSLW 302;
» Pistão Norte de Taguatinga.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Distrito Federal tem mais de 2,3 mil moradores de rua

18/12/2010 - DFTV 1ª Edição

Os principais motivos para morar na rua são o desemprego e problemas com a família. Hoje existem apenas 25 educadores de rua para abordar e oferecer ajuda a essas pessoas.

A Secretaria de Desenvolvimento Social calcula que há 2.365 moradores de rua no DF. Para chegar a esse número e ao perfil dos moradores foram feitas entrevistas durante a noite. 

A maioria dos moradores de rua é homem com mais de 18 anos; 25% sobrevivem com o que ganham para guardar e lavar carros. Mas há os que dependem exclusivamente das esmolas; 80% dos que moram na rua vieram de estados como Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Nem metade cursou até a quarta série. 

Os principais motivos para morar na rua são o desemprego e problemas com a família. Treze por cento dos adultos declararam que fazem uso continuo de algum tipo de droga e 10% também consomem álcool. 

Entre os que têm menos de 18 anos, a maioria é de meninos. Quase 40% tem entre 7 e 14 anos e estudaram pouco. Quase 10% dos jovens revelaram que estão na rua pela facilidade em usar drogas; 15% confessaram que fazem uso continuo de algum entorpecente. 

Hoje existem apenas 25 educadores de rua para abordar e oferecer ajuda a essas pessoas. A pesquisa vai ajudar o governo a reformular as políticas sociais.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Esplanada dos Ministérios passará por 'reforma verde'

17/12/2010 - O Globo - Gustavo Paul

Obras, que não vão alterar arquitetura original, custarão R$ 160 milhões por prédio, pagos por empresas de construção civil

Será aberta em fevereiro a primeira licitação para o recondicionamento de todos os prédios da Esplanada dos Ministérios para torná-los ecologicamente sustentáveis. Ao custo médio de R$ 160 milhões cada, o projeto Esplanada Sustentável prevê a "retrofitagem" (variação do termo em inglês retrofít, que é reforma geral sem alterar a arquitetura original) dos prédios, que têm 50 anos, por empresas de construção.

Criado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção Civil (Cbic) com o apoio do governo federal, o projeto começará pela reforma do bloco K, onde está o Ministério do Planejamento, e a construção de seu anexo.

Ao todo, a ação prevê a recuperação dos 16 blocos de ministérios da Esplanada, para adaptá-los à filosofia sustentável, o que significa colocação de vidros que retêm até 80% dos raios solares, pintura com tinta autolimpante, troca de equipamentos obsoletos, como ar-condicionados antigos, melhoria nas luminárias e na fiação elétrica.

O projeto também inclui a construção dos últimos sete anexos dos ministérios, o que pode reduzir o custo de aluguel de imóveis pela administração federal.

O projeto amargou dois anos de discussões e burocracia até sair do papel. Idealizado no fim de 2008, foi concebido em 2009, mas por 12 meses foi submetido ao crivo de uma comissão interministerial para ser aprovado.

Cada prédio reformado no conceito retrofít custará R$ 60 milhões e mais R$ 100 milhões para manutenção por 15 anos. Os novos anexos sairão por R$ 140 milhões, em média. O custo será bancado pelas empresas de construção civil em troca da ces¬são de terrenos públicos no Distrito Federal, para construção de moradias populares, de classe média e de alto padrão.

A falta de terrenos é o principal entrave à construção de dois milhões de imóveis em quatro anos, previstos na segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida.

O setor de construção civil cresceu 11 % em 2010, o melhor resultado em 24 anos, e bateu vários recordes, como a criação de 340 mil postos de trabalho. Mas em 2011 o ritmo deve desacelerar, levando a uma expansão de 6%. O setor, admite a Cbic, não tem fôlego para manter esse ritmo.

O principal problema a ser resolvido, diz Paulo Simão, presidente da Cbic, é o saneamento. Segundo ele, mais da metade dos domicílios brasileiros não tem acesso à rede de esgoto, e a perda média de água tratada gira em torno de 40%.

Maioria dos moradores de rua do DF veio de outras regiões do país

17/12/2010 - Bom Dia DF

Conheça, com exclusividade, dados do primeiro Censo da população de rua do Distrito Federal. O levantamento revela que a maioria dorme no Plano Piloto. Parte deles sobrevive de esmola.

Durante cinco dias do mês de outubro do ano passado os moradores de rua do Distrito Federal ganharam atenção. Eles foram entrevistados, um a um, e puderam contar histórias e porque vivem largados no mundo. 

Cruzando os dados de 2.365 mil entrevistados descobriu que a maioria tem mais de 18 anos; 66% são homens; um quarto sobrevive com dinheiro que ganha para guardar ou lavar carros. Mas há os que dependem exclusivamente das esmolas. “Que ajuda que recebe aqui? chega é dando porrada e espancamento”, afirma um morador de rua. 

Uma voz isolada, mas que pode ser ouvida como um coro, já que quase 80% das pessoas em situação de risco social passam as noites na rua. Muitas espalhadas pela área central do Plano Piloto, Asa sul e Asa Norte; e pelo menos 20% em Taguatinga e 10% em Ceilândia. Poucos dormem em abrigos. 

Ailton de Oliveira de 23 anos, os três filhos e a mulher moram em uma barraca de lona, Ceilândia. “Porque não tinha como sobreviver e ganhar dinheiro. Nossa sobrevivência sempre foi de catar latinha, mas é uma venda que não dá para comprar nada”, conta. 

Por isso Ailton trocou o Espírito Santo por Brasília, assim como tantos outros. Cerca de 80% dos que moram na rua não nasceram no DF, eles vieram especialmente de estados como Bahia, Minas Gerais e Pernambuco. Nem metade cursou até a 4ª série (5º ano) do ensino fundamental. 

Os principais motivos para morar na rua são o desemprego e problemas com a família. 
É por isso que há três anos o aposentado dos correios Willian da Fonseca de 61 anos vive em Taguatinga Norte. Ele é formado em filosofia e ex-católico fervoroso, mas teve um desentendimento, conheceu o álcool e nunca mais voltou para a cidade natal, Pirapora em Minhas Gerais. “Falta vontade, porque o resto tem. Como família, dinheiro, mas a vontade é fraca”, afirma. 

Fraqueza que esta ligada a dependência do álcool. Mas Willian não esta sozinho nesta situação. Dos entrevistados, 13% dos adultos declararam que fazem uso continuo de algum tipo de droga e 10% também consomem álcool. 

Cerca de um terço das crianças e adolescentes que moram nas ruas do Distrito Federal já passaram por orfanatos ou abrigos. E é do lado de fora que muitas vezes acontece o primeiro contato com as drogas. Tanto que 7% revelaram que já estiveram em clinicas de recuperação de dependentes químicos. 

Entre os menores de 18 anos a maioria é de meninos. Quase 40% tem entre 7 e 14 anos. E apesar da situação de risco em que se encontram 55% disseram estar matriculados em escolas, mas 38% admitiram que não frequentam as aulas. Nem um quinto chegou a cursar a 3ª série do ensino fundamental e 7% são analfabetos. 

Um jovem de 14 anos que mora na Rodoviária do Plano Piloto está na 5ª série [6º ano], mas abandonou a escola em julho. Como a mãe esta presa, trocou a casa da tia no Recanto das Emas pela rua. “Às vezes ganho um pastel na pastelaria e também ganho uns negócio para comer”, afirma. 

Ao contrário dos adultos, a maioria das crianças e adolescentes é do DF. Eles nasceram em Taguatinga, Ceilândia e no Gama, mas quase a metade está no Plano Piloto. Mas há os que vivem em outras cidades também. 

Quase 10% dos jovens revelaram que estão na rua pela facilidade em usar drogas; 15% confessaram que fazem uso continuo de algum entorpecente e há os que querem vida nova. Um jovem de 17 anos pede ajuda. “Queira ir para um clínica de recuperação, pois sou viciado em crack já faz uns cinco anos”, diz. 

Enquanto a rua rouba a infância, o sono e ajuda parece cada dia mais distante. A inocência e o sonho de criança, ainda podem mudar o rumo de uma vida. “Eu quero ser bombeiro quando crescer”, afirma uma criança. 

Reportagem: Marcelo Cosme e Hélio Marinho 
Produção: Izabel Mendes e Roniara Castilho 
Edição de Texto: Marina Simpson e Roberta Vaz 
Edição de imagem: Ademir Valentim

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Niemeyer, o eterno arquiteto de Brasília, comemora o seu 103º aniversário

15/12/2010 - Correio Braziliense - Helena Mader - Juliana Boechat


bEm ação/bbrNa última segunda-feira, Niemeyer se encontrou com o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), para tratar da construção do Museu de Ciência e Tecnologia, em Brasília (Fábio Costa/JCom/D.A Press)
Em ação
Na última segunda-feira, Niemeyer se encontrou com o governador eleito do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), para tratar da construção do Museu de Ciência e Tecnologia, em Brasília.

O maior nome da arquitetura brasileira, reconhecido pela genialidade também no exterior, deixará a fama e o renome de lado nesta quarta-feira para comemorar o 103º aniversário ao lado da família e dos colaboradores mais próximos. Provavelmente, sequer lerá as dezenas de artigos, reportagens e análises que serão escritas sobre a vida e a obra. Oscar Niemeyer não gosta de textos sobre a própria arquitetura. Segundo ele, trata-se de um segredo para preservar a intuição. Três anos depois de completar um século de existência, o arquiteto que traçou as curvas “livres e sensuais” dos monumentos de Brasília ainda dedica parte dos seus dias ao trabalho. A mente inventiva trava uma batalha constante com o corpo frágil e centenário para criar projetos novos e cada vez mais revolucionários.

Apesar do amor e da dedicação à arquitetura, Oscar Niemeyer gosta mesmo da presença da família. Os 103 anos do modernista serão celebrados com a presença da mulher, Vera Lúcia, da única filha, Anna Maria, dos netos, bisnetos e trinetos. A esta altura da vida, o homem de respostas diretas ainda levanta a bandeira política. E assim pede para ser lembrado: “Um arquiteto que sempre se manteve fiel às suas ideias, à busca da beleza, à procura da surpresa arquitetural, ao interesse em explorar todo o potencial do concreto armado. Além de ver transformado este mundo injusto que nos cabe viver”, afirmou (leia entrevista ao lado). Ainda hoje, Niemeyer desenvolve novos projetos, como o aquário de Búzios (RJ) e uma biblioteca monumental desenhada para a capital de um país árabe. Em 75 anos de carreira, o arquiteto se ressente de não ter visto sair do papel a polêmica Praça Monumental e o Sambódromo, ambos planejados para Brasília.

O amigo e companheiro de trabalho Carlos Magalhães, responsável pelo escritório de Niemeyer em Brasília, diz que Oscar não liga para aniversários. “Para ele, é só mais um dia que vai vencer”, revela. Magalhães conta que o parceiro de projetos ainda gosta de se debruçar sobre pranchetas e que sonha em executar novas obras arquitetônicas em Brasília. “Antigamente, ele era mais agressivo na procura por trabalho. Mas a idade vai amaciando as pessoas, a gente vai perdendo o ferrão”, brinca. Segundo Magalhães, o prédio do Congresso Nacional é um dos maiores orgulhos de Oscar Niemeyer. “Ele dizia que a gente podia rodar o mundo inteiro que jamais veria uma coisa semelhante. O prédio alto, com suas cúpulas, a plataforma ligando os eixos, tudo isso faz ele se orgulhar”, afirma o arquiteto.

O professor da Universidade de Brasília (UnB), aluno durante 17 anos e grande admirador de Oscar Niemeyer, Claudio Queiroz, acredita que o modernista traduz nas obras a cultura brasileira. “Ele criou uma noção de brasilidade na arquitetura. Quem cai de paraquedas e vê as colunas romanas, sabe que está na Itália. Quem vê as colunas feitas por Niemeyer sabe que é o Brasil, a mistura de etnias e das nossas mulheres”, defendeu. Para ele, a arquitetura do carioca transforma a capital do país em uma cidade “simples e elegante”. “Niemeyer soube dizer na arquitetura aquilo que temos vontade de dizer. É o jeito que nós somos. Assim como a ginga do Garrincha, o oportunismo do Pelé e a capoeira, existem as obras de Niemeyer. Ele está para o mundo como Aleijadinho está para Minas Gerais”, comparou.

Brilho
Claudio Queiroz ressalta o trabalho inovador de Niemeyer com o concreto. “Ele soube, como ninguém, usar a condição do concreto armado para criar os espaços vazios e acabar com as paredes que erguem o segundo andar”, disse. Responsável pelos traços e curvas de cartões postais de várias cidades do Brasil e do mundo, Niemeyer está sujeito a críticas e elogios a todo instante. Mas até mesmo quem não concorda com as obras assinadas por ele reconhece a importância do trabalho. A professora da Faculdade de Arquitetura da UnB Sylvia Ficher considera o modernista “único” pelo volume de construções idealizadas por ele, além do longo período de trabalho, da juventude até hoje. “Ele tem um percurso arquitetônico que mudou ao longo do tempo. Tem o Oscar Niemeyer do início da década de 40, o das décadas de 50 e 60, o dos anos 70 e o dos últimos 30 anos, com uma arquitetura colossal e com ênfase na forma”, explicou a historiadora da arquitetura.

Segundo Sylvia, São Paulo é privilegiada com a qualidade das obras de Niemeyer, enquanto Brasília sofre com a quantidade de edifícios com a assinatura dele. “Na década de 50, ele passou por um momento de brilho, de grande criatividade em relação aos valores que ele atribui à arquitetura”, explicou. Nesse período, foi construído o Ibirapuera, o Edifício Copan, o Edifício Montreal e a Galeria Califórnia, que quebraram o concreto quadrado da capital paulista.

Na capital do país, por outro lado, a historiadora critica o domínio do mercado da arquitetura cívica. “No meu entender, obra pública tem tudo a ver com concurso público”, rebateu. Apesar das críticas, ela acredita que Niemeyer é “injustiçado”. Segundo Sylvia, ao mesmo tempo que Oscar incentiva e encoraja artistas de todo o mundo, aqueles que bebem da fonte de criatividade do carioca não lhe dão os devidos créditos. “Ele é muito elogiado e inspirador, mas, em contrapartida, a influência dele ainda é pouco estudada”, defendeu.

INAUGURAÇÃO
» No dia em que completa 103 anos, o arquiteto Oscar Niemeyer participará da inauguração do sexto prédio do complexo Caminho de Niemeyer, em Niterói. (RJ) A fundação que leva o nome do arquiteto tem aproximadamente 4 mil metros quadrados e abrigará um espaço cultural, Centro de Pesquisa e Documentação e a Escola Niemeyer de Arquitetura e Humanidades. Esta é a sexta obra do Caminho. Ainda falta a construção da Torre Panorâmica, do Centro de Convenções e do Centro Petrobras de Cinema. Durante o evento, será distribuída a nova edição da Revista Nosso Caminho, de publicação trimestral.

SEIS PERGUNTAS PARA OSCAR NIEMEYER, ARQUITETO
Aos 103 anos, o que o arquiteto Oscar Niemeyer ainda não fez?
O que não pude ver realizado, mas cheguei a projetar com o maior entusiasmo, é um estádio de futebol. Um estádio diferente dos outros, revelando uma concepção moderna.

Do que mais se orgulha?
Talvez da coerência de minha posição política, de meu compromisso inabalável de contribuir para a emergência de uma sociedade mais fraternal, justa e solidária.

O que é maior: a saudade do já vivido ou a vontade de continuar vivendo?
Ambos os sentimentos coexistem em mim. Se o meu entusiasmo pela criação arquitetural, por minha mulher, pelo trabalho só tende a crescer, também se aprofunda o sentimento de perda de muita gente... De meus pais, irmãos, de tantos amigos, dentro e fora do país.

Há do que reclamar?
Com certeza. Temos que nos queixar da continuidade de tantas disparidades sociais e econômicas que ainda afligem os segmentos menos favorecidos do Brasil e de inúmeros outros países. Há que reclamar e se indignar.

Qual a sua rotina de produção atual? A que projetos se dedica prioritariamente?
Minha rotina pouco mudou neste último ano. Estou voltado para novos projetos, com destaque para um aquário a ser construído em Búzios, uma monumental biblioteca já desenhada para a capital de um importante país árabe e um teatro destinado a espetáculos musicais, na Argentina.

Existe algum projeto para Brasília que ainda não saiu do papel, mas que o senhor gostaria de ver realizado?
A praça monumental que desenhei há mais de um ano e que se converteu em objeto de intensa polêmica. Em meu modo de ver, é uma praça que falta a Brasília. E também gostaria de ver construído o Sambódromo, projetado há uns dois anos.

INÍCIO AO LADO DE LUCIO COSTA
Helena Mader
Oscar Niemeyer nasceu no bairro de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, em 15 de dezembro de 1907. Neto de um ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), gostava de passar o tempo na casa dos avós. Mestiço orgulhoso, descendente de portugueses, árabes e alemães, ele se casou em 1928 com a bela Annita Baldo, filha de imigrantes italianos. No ano seguinte, o jovem Niemeyer ingressou na Escola de Belas Artes.

Lá, o destino do arquiteto começou a ser traçado. Enquanto os estudantes buscavam estágios bem remunerados em firmas construtoras, Niemeyer começou a frequentar o ateliê de Lucio Costa e de Carlos Leão sem pedir nada em troca. “Me diziam que lá eu encontraria o caminho da boa arquitetura”, justifica Oscar. Como desenhava bem, ele começou a ganhar espaço no escritório. Pouco depois, Lucio Costa aceitou o convite do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, para projetar a sede de seu ministério. Dali sairia a primeira grande obra de Oscar Niemeyer.

Ele havia acabado de conhecer o arquiteto suíço Le Corbusier, que estava no Rio de Janeiro para palestras. Desenvolveram um “clima de simpatia”. Inspirado em croquis de Le Corbusier para o novo ministério, Niemeyer desenvolveu um projeto, que acabou escolhido pelo próprio Lucio Costa. “Um dia, Le Corbusier comentou que eu tinha as montanhas do Rio dentro dos olhos. Achei graça”, relembrou o arquiteto em suas memórias.

Nova capital
O primórdio da aventura da construção de Brasília foi a Pampulha, em Belo Horizonte. Juscelino Kubitschek, então prefeito da cidade, convidou Niemeyer para desenvolver esse projeto — uma área à beira de uma represa, com cassino, igreja e um restaurante. “Preciso do projeto do cassino para amanhã”, disse JK. E Oscar cumpriu a promessa, trabalhando noite adentro em um quarto de hotel. “Com a obra da Pampulha, o vocabulário plástico da minha arquitetura — num jogo inesperado de retas e curvas — começou a se definir”, explicou.

Em 1957, surgiu o desafio que mudaria a vida de Oscar Niemeyer e a história da arquitetura moderna. Ele foi procurado novamente por JK, à época presidente da República, para tocar uma empreitada singular. “Entusiasmado, JK contou-me que pretendia fazer uma cidade moderna, concluindo empolgado, ‘a mais bela do mundo’”. Mas a primeira sensação de Niemeyer não foi de admiração. “Confesso não ter tido uma boa impressão do lugar. Longe, longe de tudo, terra vazia e abandonada.”

Oscar mudou-se para Brasília com seus colaboradores, médicos, jornalistas e “quatro camaradas que não cuidavam de arquitetura”. O próximo passo rumo à consolidação da nova capital ocorreu logo depois: a abertura do concurso para a escolha do Plano Piloto de Brasília, vencido pelo arquiteto e urbanista Lucio Costa. O primeiro grande monumento a sair do papel foi o Palácio da Alvorada. As colunas, copiadas em prédios do Brasil, dos Estados Unidos, da Grécia e da Líbia até hoje enchem o arquiteto de orgulho. “As cópias não me incomodavam. Era a prova de que meu trabalho agradava a muita gente.”

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Moradores do Grande Colorado tentam suspender legalização de 42 condomínios

12/12/2010 - Correio Braziliense - Mara Puljiz

A polêmica envolvendo a regularização de 42 parcelamentos na região do Grande Colorado, em Sobradinho, vai parar na Justiça a partir de amanhã. A equipe jurídica da União dos Condomínios Horizontais se mobilizará para impedir a publicação no Diário Oficial do DF dos decretos assinados pelo governador Rogério Rosso na última sexta-feira. Síndicos de 17 parcelamentos alegam que a medida não teve a anuência dos moradores e que o projeto aprovado atende exclusivamente aos interesses da Urbanizadora Paranoazinho S.A. A empresa é responsável pela legalização das terras e pela elaboração dos estudos para ocupação de áreas vazias dentro da poligonal da antiga fazenda. Caso o decreto seja publicado antes, a comunidade tentará suspender os efeitos legais. 
 
Síndico do Morada dos Nobres, Inácio Dias reclama que a comunidade não foi ouvida. 'Fizemos projetos, mas o GDF nem olhou para as nossas plantas' (Gustavo Moreno/CB/D.A Press )
Síndico do Morada dos Nobres, Inácio Dias reclama que a comunidade não foi ouvida. "Fizemos projetos, mas o GDF nem olhou para as nossas plantas"

De acordo com o síndico do Condomínio Morada dos Nobres, Inácio de Castro Dias, os moradores não foram comunicados anteriormente, mas receberam a notícia da regularização pela imprensa. Inácio diz que os moradores pagaram por um projeto próprio, mas que não chegou a ser analisado pelo governo. “Nem olharam para as nossas plantas. Não fizeram nada. Deixaram tudo empilhado e engavetado”, acusou. Inácio, porém, ponderou que o grande medo dos moradores é com relação ao tipo de estudo que foi aprovado. “Ao que sabemos, aqui dentro do condomínio vai passar uma avenida. O pessoal da Urbanizadora Paranoazinho até negociou com o dono de uma chácara para que ele saísse. Além disso, tive a informação de que nossas áreas comuns, como praças e quadras, vão ser parceladas para virar empreendimentos”, acrescentou o síndico. 

O GDF garante que todos os processos seguiram os trâmites legais dentro do Grupar, o Grupo de Regularização de Parcelamentos do Governo do Distrito Federal. O diretor da Urbanizadora Paranoazinho, Ricardo Birmann, rebate as acusações. Ele garante que a polêmica é desnecessária e argumenta que a confusão foi gerada por pessoas com interesses eleitorais. Birmann garante que não haverá qualquer modificação nas áreas comuns dos parcelamentos, como temem alguns síndicos. 

“Cada área foi aprovada com a destinação que ela tem hoje. Não haverá construção de avenidas onde hoje existem residências”, afirma o diretor, tentando tranquilizar a comunidade. “Onde fizermos qualquer tipo de incorporação, não haverá interferência com os condomínios. Tem muita gente que quer criar polêmica sem razão”, rebateu. Birmann afirmou ainda que toda a topografia foi realizada por aerofotogrametria, “método mais preciso existente no país”. 

Comemorações 

Apesar dos protestos, há comemorações. O síndico do condomínio Bem Estar, localizado no Km 5 da DF-150, Marco Aurélio Roma Pessoa, 37 anos, esperava desde 2006 pela regularização da área, que é particular. O espaço abriga 164 lotes e aproximadamente 700 pessoas. “Fizemos o nosso projeto por conta própria, mas a Urbanizadora Paranoazinho teve o dela aprovado. Achei bom e acho que maioria dos moradores daqui vai achar também. O grande problema que a gente tem atualmente é com obra embargada. Nunca conseguimos liberação por se tratar de condomínio irregular. Agora, pelo menos, vamos ficar em paz”, defendeu. 

Segundo a presidente da União dos Condomínios Horizontais, Júnia Bittencourt, 17 condomínios dos 42 regularizados tinham projeto próprio. Há cerca de um mês, eles entraram com pedido de paralisação da análise de 23 estudos no Grupar. “Ontem (sexta-feira), o condomínio Império dos Nobres também pediu suspensão porque as pessoas não sabem o que está sendo aprovado. A realidade dos condomínios não foi levada em conta nessa regularização. Não significa que não queremos legalizar, porque isso para a gente é uma questão de honra. Mas não queremos ter um projeto que ninguém conhece”, justificou. 

Em resposta, Birmann disse fazer questão de mostrar o projeto aprovado para qualquer morador que tiver dúvidas. Quem tiver interesse pode procurar o posto de atendimento da empresa na DF-425. “Tudo o que nós fazemos é transparente. A empresa é séria e vai atender aos interesses da população”, disse. Quanto à ameaça de processos na Justiça, Birmann avaliou como um direito de qualquer cidadão. “Podem entrar com uma ação, mas não acredito que seja de interesse da comunidade interromper esse processo de regularização. A maioria sonha com a residência legalizada”, analisou. Na antiga Fazenda Paranoazinho, são 30 mil moradores de 52 condomínios. Desses, 46 já foram regularizados. Em relação ao preço de venda, Birmann disse apenas que será facilitado o pagamento em até 120 vezes, por um valor abaixo do mercado, “nunca antes visto nos jornais”. 

Herança 

Os herdeiros do antigo dono da Fazenda Paranoazinho, José Cândido de Souza Dias, venderam os direitos hereditários a uma empresa criada para gerenciar essas terras, a Urbanizadora Paranoazinho S.A. À época, também foi desapropriado o lugar chamado Largo do Saco da Lagoa, na Fazenda Sobradinho. A área desapropriada foi de aproximadamente 177 hectares e era parte desmembrada de outra maior, anteriormente pertencente a Balbino Claro de Alarcão e a Franklina Dutra de Alarcão. 

SEUS DIREITOS 

O posto de atendimento da Urbanizadora Paranoazinho fica na DF-425, lote 13, loja 1, no Condomínio Sol Nascente do Grande Colorado. Os interessados podem também ligar para o telefone 3485-2802, de segunda-feira a sexta-feira, em horário comercial

Reforma de rodovias ignoraram necessidade de ampliação de viadutos e pontes

12/12/2010 - Correio Braziliense - Luiz Calcagno

Na subida para Sobradinho, as quatro faixas de rolamento se transformam em três. O gargalo irrita os motoristas e atrapalha a circulação de carros (Gustavo Moreno/CB/D.A Press )
Na subida para Sobradinho, as quatro faixas de rolamento se transformam em três. O gargalo irrita os motoristas e atrapalha a circulação de carros

Mesmo após um investimento milionário para o alargamento de vias em todo o Distrito Federal, motoristas ainda sofrem com engarrafamentos nos horários de pico. Apesar de o trânsito fluir melhor nos trechos reformados, alguns gargalos permanecem, principalmente próximo a pontes e a viadutos que não foram ampliados com as novas faixas. Brasilienses passam mais de 40 minutos presos em estrangulamentos do tráfego como, por exemplo, o que ocorre na entrada de Taguatinga. Lá, as quatro faixas da Estrada Parque Taguatinga (EPTG) se transformam em apenas três no viaduto que dá acesso à cidade.

O problema é maior para quem chega à região. O trânsito começa a complicar ainda antes do horário de pico, por volta de 16h. Além da lentidão no local, o risco de acidentes nos trechos com afunilamento também é maior. A professora Débora Aires, 36 anos, mora em Vicente Pires e dá aula em Taguatinga. Ela sofre diariamente com o engarrafamento no local. “Essa obra não ficou boa. Às vezes, demoramos mais de meia hora para entrar na cidade. O governo resolve tudo o que está nos arredores do Plano Piloto, mas o resto do DF fica com um trabalho feito pela metade”, criticou.

Os motoristas que trafegam na Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB) passam por dificuldades semelhantes. A pista tem três faixas que se transformam em apenas duas pistas no viaduto que dá acesso à Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia) e à entrada da Candangolândia. A terceira faixa segue rumo à Epia, no sentido Gama. O trânsito no local, que é complicado por conta das obras do viaduto do Núcleo Bandeirante, fica ainda pior nos horários de grande circulação. Quem trabalha nos postos de gasolina conta que, pela manhã, a lentidão vai até as 9h e recomeça por volta de 16h30.

Para o administrador Uirá Veneziane, 26 anos, que passa diariamente pelo viaduto, a falta de planejamento é motivo de atrasos no trabalho. “Há engarrafamentos e o lugar fica ainda mais perigoso. Se o DF não suporta a quantidade de carros que tem, o governo deveria ter se antecipado. Se vão alargar as vias, eles têm que fazer isso direito”, reclama Uirá. “Dependo do meu carro, trabalho com ele e fico constantemente preso no trânsito”, acrescentou. O comerciante Adriano Garrigo, 29 anos, também criticou o tráfego complicado. “Moro no Recanto das Emas e venho para o Núcleo Bandeirante cortando caminho pelo Park Way porque, pela EPNB, não tem condições”, lamentou.

Entre Águas Claras e o Park Way, próximo à ponte do metrô, também há um estrangulamento de faixas. No sentido Park Way, a via de duas faixas é reduzida para uma, volta a ter duas e é reduzida novamente a uma pista de mão dupla, por conta de obras no local. No sentido oposto, o estrangulamento é causado pela obra, que faz com que o trânsito seja desviado, e o que eram duas faixas vira uma única de mão dupla. Além disso, nos viadutos das Saídas Sul e Norte, sentido Aeroporto e Granja do Torto, respectivamente, também há um afunilamento de três para duas faixas.

Colorado
Na subida da BR-020, sentido Sobradinho e Planaltina, após a ponte sobre o Ribeirão Torto, o estreitamento de faixas também causa transtorno para os motoristas. Nesse caso, no entanto, o afunilamento não ocorre por causa da ponte. A redução é na própria pista, que tem partes alargadas antes e depois do trecho assinalado. O trânsito começa a se intensificar por volta de 17h e quem vai para o norte do DF enfrenta entre 20 minutos e uma hora no engarrafamento. De acordo com motoristas que passam pelo local, nos dias de maior lentidão, ambulantes aproveitam para vender água e doces na pista.

A professora de educação física Silene Andreotti, 33 anos, moradora de Sobradinho, contou que vai ao Plano Piloto pelo menos cinco vezes por semana. Ela acredita que os alargamentos de vias melhoraram o trânsito, apesar dos afunilamentos. “É melhor dirigir no DF após as obras. Mas, ainda assim, acredito que tudo está sendo feito às pressas. Nesses trechos, ocorrem muitos acidentes. Perdi meu pai em um acidente de carro em um afunilamento nas obras da Epia”, contou.

Tragédia 

Em 12 de novembro, por volta de 17h20, um Corsa azul placa JEC-6745(DF) atingiu um Corolla prata, placa JFZ-8117(DF), após cair do viaduto, de uma altura de cerca de 12 metros. O motorista do Corsa, um jovem de 17 anos que teria perdido o controle quando seguia rumo à EPTG, morreu na hora. Outro rapaz, também de 17 anos, morreu no mesmo dia, no Hospital de Taguatinga.

Risco maior de acidentes e de mortes

Especialistas classificam os estrangulamentos em vias que já foram alargadas como uma falta de planejamento. O professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB) Dickran Berberian acredita que os gargalos aumentam o risco de acidentes entre os motoristas. “Isso é uma questão de projeto de traçado. Encontraram um viaduto, mas não o alargaram. Isso causa engarrafamento. É falta de planejamento global, um trabalho feito pela metade”, criticou. O especialista alerta que a demora para concluir as obras pode gerar um aumento nos custos. “Quando adiamos, acabamos fazendo a obra em regime de urgência, às pressas. Dessa forma, fica malfeito. Se for em época de chuva, tem um monte de complicações e pode ficar o dobro do preço”, alertou.

Morador do Grande Colorado, o estudante de gastronomia Matheus Eleutério, 20 anos, cruza a BR-020 todos os dias e enfrenta o gargalo do trânsito no local. Ele descreveu o tráfego na subida como “cansativo”. Para ele, o governo está mais interessado em inaugurar obras do que concluí-las de fato. “Estamos cheios de obras na cidade, mas os políticos só se preocupam com inaugurações. Esse afunilamento mostra que o dinheiro da população está sendo jogado fora”, acusou.

O GDF assume que os trechos estão incompletos. O secretário de Transportes, Paulo Barongeno, explicou ao Correio que, no caso do viaduto de Taguatinga, a segunda etapa das obras da Linha Verde inclui o alargamento de faixas do elevado, o que resolveria o engarrafamento. “A próxima fase do projeto prevê a implantação de corredores exclusivos e a ampliação de vias como a Hélio Prates, Comercial, Samdu, SIG e ESPM”, declarou Barongeno.

O diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem, Genésio Tolentino, garantiu que o governo tem planos para “equacionar os problemas de congestionamento”. No entanto, ele prefere não falar em datas. Sobre a DF-075 (EPNB), ele diz que a pista será alargada, com a construção de viadutos. Na subida que vai para Sobradinho, também há estrangulamento após a ponte do Ribeirão do Torto. “A obra será feita após a aprovação dos respectivos projetos pela área ambiental”, disse Tolentino.