terça-feira, 15 de setembro de 2009

Paranoá

GASTRONOMIA »
Margens do Paranoá começam a ganhar obras de infraestrutura para aniversário da cidade

Diego Amorim

Publicação: 15/09/2009 08:19 Atualização: 15/09/2009 11:22


O projeto Beira Lago vai turbinar o mercado de restaurantes sofisticados na capital federal. Empresários locais e de cidades como Curitiba e Rio de Janeiro estão investindo pesado no futuro centro gastronômico às margens da Ponte JK. Os 43 terrenos, cada um com 500 metros quadrados, foram vendidos pela Companhia Imobiliária de Brasília (Terracap) ainda no governo passado. De lá para cá, os lotes mais valorizados dobraram de preço e chegaram a custar mais que R$ 2 milhões nas mãos de imobiliárias. Todos os lotes têm dono.

Por ora, há quatro prédios prontos e outros três em construção. Daqui pra frente, no entanto, a expectativa é de que os projetos em andamento sejam acelerados, já que o início das obras de urbanização na área foi oficializado, sábado último, por meio de uma ordem de serviço assinada pelo governador em exercício, Paulo Octávio. O trabalho das máquinas começou há cerca de 15 dias, com a limpeza do terreno e o início da terraplanagem. O governo promete investir R$ 2,1 milhões(1), empregar 150 pessoas e deixar tudo pronto até 15 de dezembro, se as chuvas não atrapalharem tanto.

Luxuosas cantinas, pizzarias e restaurantes de comida japonesa já garantiram presença no Beira Lago. “Certamente estamos falando de uma área nobre que começa a desabrochar. Em pouco tempo, teremos um novo polo de gastronomia e turismo”, afirma Roberto Macedo, diretor da Consult, a primeira imobiliária a comprar terrenos no local. O Beira Lago faz parte do Projeto Orla(2) e será um complexo de lazer destinado basicamente a bares, restaurantes e similares, apesar de também estar autorizado, por exemplo, o comércio de equipamentos náuticos.

Donos de terrenos, representantes de imobiliárias e dos restaurantes que serão construídos no espaço se reuniram no mês passado com o governador José Roberto Arruda. No encontro, o governador se propôs a acelerar as obras de urbanização. Em contrapartida, pediu aos empresários que também apressassem a construção dos estabelecimentos. “O governo acredita que será uma área muito bem frequentada. Tanto é que nossa preocupação maior é em relação aos estacionamentos”, comenta o secretário de Obras, Márcio Machado.

Festa
A intenção é que o novo ponto turístico da capital esteja pronto para receber visitantes antes das comemorações dos 50 anos de Brasília, em abril do ano que vem. Quem está instalado na região do Beira Lago espera com ansiedade a infraestrutura do lugar. “Ainda não temos, por exemplo, saneamento básico”, lembra a diretora comercial do Mangai, Lorena Maia Tavares. O restaurante nordestino foi o primeiro a se instalar perto da Ponte JK, em julho do ano passado. Um projeto para erguê-lo na Asa Norte estava pronto, quando os proprietários conheceram a área atual e mudaram de ideia.

Antes de começar a construir, os donos decidiram elevar o terreno para que a visão da Ponte JK não fosse comprometida. Aos domingos, os mil lugares do restaurante ficam ocupados e ainda há lista de espera. O sucesso do Mangai é encarado como prova do potencial do Beira Lago. Ele conseguiu chamar a atenção para o espaço e acabou encorajando outros empresários a apostarem na região. “Quanto mais gente vier para cá, melhor vai ser para todo mundo”, comenta Lorena, que reclama da falta de transporte público para os funcionários.

No restaurante Gazebo, que abriu as portas há um mês no Beira Lago, o projeto da arquiteta Denise Zuba incluiu um terraço no terceiro andar, para que os visitantes também usufruíssem da vista da ponte e do lago. A proprietária Anna Christina Cardoso comprou o lote há cinco anos durante a licitação da Terracap e hoje não tem dúvidas de que o investimento valeu a pena. “Este é o lugar”, resume ela, animada com o início das obras de urbanização. “O turismo de Brasília vai ganhar muito quando tudo estiver pronto”, acredita. Antes, o Gazebo funcionava na QI 28, no Lago Sul.

Entre os empresários que adquiriram terrenos no Beira Lago, comenta-se que o lugar será um novo Pontão(3), com a diferença de que não será cercado. O vice-governador Paulo Octávio diz que os dois pontos turísticos vão se complementar. O novo centro de lazer, na avaliação dele, vai ajudar a tornar a beira do lago mais acessível e impulsionará ainda mais o turismo na capital. “Uma cidade com potencial turístico se mede pela boa gastronomia. E Brasília é um mercado extraordinário para os bons restaurantes”, sustenta.

1- R$ 2,1 milhões
O investimento do governo inclui a construção de píeres e calçadões na beira do Lago Paranoá — do início da Ponte JK até o clube da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol). Estão garantidos também estacionamentos públicos (sem número de vagas definido), um parquinho infantil e uma praça com fontes. Além disso, instalação de lixeiras e jardinagem completa, com o plantio de grama e palmeiras e sistema de irrigação.

2- Projeto Orla
O Projeto Orla foi criado em 1995, por meio da lei distrital 971, de autoria do atual deputado federal Rodrigo Rollemberg (PSB). A ideia é criar 11 polos culturais com píeres, restaurantes e quiosques para democratizar o acesso ao Lago Paranoá. O projeto foi lançado no governo de Cristovam Buarque e até agora pouca coisa saiu do papel.

3- Pontão
O Pontão é uma área de lazer localizada perto da Ponte Costa e Silva, no Lago Sul. Foi criado em 2002, como parte do Projeto Orla. Em uma área de 134 mil metros quadrados, com 1,2km de orla, dispõe de restaurantes, bares, quiosques e parquinho para crianças. É uma área pública de responsabilidade privada, resultado de parceria público privada.

» Preocupação com transporte

Uma das preocupações dos empresários que estão investindo no Beira Lago é a falta de transporte público para a região. Não há paradas por perto. Por enquanto, os ônibus que passam pela Ponte JK têm parado no meio da pista para buscar os passageiros. Os comerciantes têm optado por contratar pessoas que moram próximo do local, mas, mesmo assim, têm encontrado dificuldades em garantir o ir e vir dos empregados. O secretário de Transportes, Alberto Fraga, disse ao Correio que conhece o problema, mas pediu para os empresários oficializarem a reclamação na Secretaria. Além disso, fez uma ressalva: “Vamos ter que estudar direito a situação porque aquele lugar (a pista de acesso à Ponte JK) não foi feito para travessias de pedestres. Se colocarmos uma parada de cada lado, como as pessoas vão atravessar?”. O secretário informou ainda que vai estudar a possibilidade de criar uma baia, para que, por enquanto, os ônibus parem no local com mais segurança.

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