sábado, 24 de julho de 2010

Usuários da Estrada Parque Paranoá se queixam do novo formato da via no trecho próximo ao SMLN


Segundo eles, tornou o trajeto muito arriscado. DER contesta a reclamação

Mariana Sacramento - Correio Braziliense
Publicação: 24/07/2010 07:15 Atualização: 24/07/2010 08:09
Motoristas que transitam pela Estrada Parque Paranoá, na DF-005, reclamam da falta de acostamento no trecho que corta o Setor de Mansões do Lago Norte (SMLN). Segundo eles, a obra de reestruturação da rodovia, concluída em maio último, tornou o percurso ainda mais perigoso. O Departamento de Estrada e Rodagem do DF (DER-DF) implantou meio-fio rente aos dois sentidos da via. O dispositivo, segundo os condutores, impossibilita que os carros ultrapassem os limites da pista em caso de paradas emergenciais. “Antes, quando não existia o equipamento, o motorista podia desviar de um carro quebrado. Na quinta-feira, por exemplo, tinha um caminhão quebrado na pista e eu tive que entrar na contramão para não bater nele”, reclama o servidor público Salomão Hamu, 50 anos, há 15 morador do SMLN.

Segundo DER, meio-fio é para escoar água e fechar acessos clandestinos - (Daniel Ferreira/CB/D.A Press)
Segundo DER, meio-fio é para escoar água e fechar acessos clandestinos
Salomão afirma que, depois que o meio-fio foi colocado, quatro acidentes já ocorreram no local. O trecho que oferece risco aos motoristas compreende 7,6 quilômetros da rodovia que tem 20 de extensão. E fica poucos metros da Barragem do Lago Paranoá. “Está muito perigoso. Antes, sem o acostamento, o condutor que precisasse poderia parar o carro sem provocar acidentes. Era só jogar um pouco para fora da pista”, argumentou o servidor. ‘Tudo bem que recapearam a estrada, mas colocaram um meio-fio que só atrapalha.”

Riscos
Ontem, o caminhão do motorista Balbino de Jesus, 42 anos, teve o pneu furado quando transitava pela DF-005. “A sorte foi que percebi o estrago metros antes do início do trecho que não é duplicado”, afirmou o morador do Varjão. Se tivesse avançado mais um pouco, Balbino teria passado um sufoco. “Eu teria que continuar a viagem até achar um lugar aonde pudesse parar. Do jeito que está pesado, o caminhão não passaria em cima do meio-fio para sair da pista”, alegou. Caminhoneiro há 20 anos, Balbino tem experiência em dirigir em rodovias e faz uma alerta: “Lugar sem acostamento é de alto risco”.

David Duarte, presidente do Instituto de Segurança no Trânsito (IST) e professor da Universidade de Brasília (UnB), explica que a colocação de meio-fio em partes de uma rodovia não é proibida, mesmo não havendo acostamento. “Deve-se obedecer os critérios técnicos, mas principalmente o bom senso. Muitas vezes, uma solução técnica vai contra o bom senso. Se não há necessidade do equipamento, é dinheiro jogado fora. O DER comete muitos erros de engenharia”, acusa.

Necessidade
O ditor-geral do DER, Luiz Carlos Tenezini, explica que a implantação do dispositivo tem duas finalidades específicas: “Foram colocados para escoar a água da chuva e fechar acessos clandestinos que os moradores abriam para ter acesso direto à rodovia”. De acordo com Tenezini, se a água pluvial não for direcionada, pode provocar erosões nas margens da rodovia. Além disso, o meio-fio tem como objetivo evitar manobras bruscas na pista, antes executadas pelos motoristas para entrar nos retornos improvisados, feitos pelos moradores da região. “Na verdade, as pessoas estão reclamando porque estavam acostumadas a ter esse acesso clandestino à rodovia”, retruca Tenezini.

Ele afirma desconhecer dados do aumento de acidentes relacionados ao equipamento. “A informação não procede. Acidentes menores sempre ocorreram na DF, mas não por conta do meio-fio”, argumenta. Quanto à duplicação, o diretor do DER disse que o órgão não tem licença ambiental para executar a obra. “O trecho (de 7,6 quilômetros) está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) do Paranoá, o que dificulta a ampliação das duas pistas.” Tenezini acrescenta que é a primeira vez em 50 anos que a Estrada Parque Paranoá passa por uma restauração (1). “A rodovia foi utilizada para construção da Barragem do Lago Paranoá, na época de JK”, conta.

1 - Adequação ao movimento
A obra de restauração dos 20 quilômetros da Estrada Parque Paranoá (EPPR) começou em outubro de 2009 e terminou em maio último. O investimento foi de R$ 7 milhões, de acordo com o DER. Nas pistas duplicadas, foram instalados 14 radares eletrônicos (pardais). No trecho de mão dupla serão em breve instalados outros seis. A velocidade da via é de 80km/h.

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