segunda-feira, 31 de maio de 2010

Correio mapeou os 18 pontos considerados de alto risco no Paranoá.



Para isso, contou com a ajuda dos bombeiros, da Marinha e da Federação Náutica de Brasília

Saulo Araújo
Publicação: 30/05/2010 08:09 - Correio Braziliense

Nos fins de semana de sol, ricos e pobres se reúnem ao longo dos 111 quilômetros de margem do Lago Paranoá para desfrutar das belezas que ele oferece. Os amantes da navegação aproveitam as águas calmas para passear com a família ou amigos em seus barcos. Já os mais radicais promovem competições a vela, jet-ski, windsurf e wakeboard. Mas por trás da beleza estão os perigos. Com a ajuda do Corpo de Bombeiros, da Federação Náutica de Brasília (FNB) e da Marinha do Brasil, o Correio mapeou os 18 pontos considerados de maior risco do lago, sendo 11 para banhistas e sete vulneráveis a colisão entre embarcações.

O Pontão do Lago Sul é uma das regiões mais críticas, devido à grande concentração de pessoas em sua orla, fato que leva pilotos de lanchas e de jet-skis a trafegarem bem próximos do píer. “Normalmente, são jovens que querem chamar a atenção executando manobras para o público que os assiste. Isso pode ser perigoso, pois naquela área existem muitos banhistas”, afirmou o capitão do 1º Batalhão de Busca e Salvamento (1º BBS) do Corpo de Bombeiros, Luís Cláudio da Fonseca.

A Barragem do Paranoá também é outra região que faz com que os socorristas redobrem a atenção. É onde fica o lugar mais profundo do lago — 40 metros. Tornou-se um ponto de encontro entre donos de barcos movidos a motor. Em um domingo à tarde é possível encontrar até 30 embarcações atracadas. Enquanto seus ocupantes se divertem, pessoas se refrescam nas águas. A maioria dos banhistas que frequenta essa área é moradora do Paranoá e divide o espaço com as embarcações que chegam e saem a todo momento. “É uma região sensível. Temos sempre atuado ali no sentido de orientar sobre os riscos de alguém ser atingido por uma embarcação, ou se afogar, já que é o ponto mais profundo do lago”, ressaltou o capitão Luís Cláudio.

Sorte
Colisões no Lago Paranoá são comuns, de acordo com Guilherme Raulino, 60 anos, que há 48 veleja no lago. Segundo ele, grande parte dos casos não chega ao conhecimento da mídia porque não há vítimas. “Não tem muito tempo que um jet-ski cravou em uma lancha. Por muita sorte, ninguém se feriu com gravidade”, contou ele, afirmando que a maioria dos acidentes náuticos está atrelada à falta de conscientização dos donos de barcos. “Fala-se muito que falta fiscalização. Isso não é verdade. A Marinha faz um bom trabalho, mas não consegue impedir todos os imprudentes de fazerem besteira. Domingo à tarde é uma temeridade ficar no lago”, frisou Guilherme.

O também velejador Alexandro Figueiredo de Freitas, 25 anos, nunca se envolveu em acidentes, mas coleciona histórias que quase resultaram em batidas. “Domingo passado mesmo um cara num jet-ski estava fazendo manobras arriscadas e, por muito pouco, não bateu em mim. Em outra ocasião, uma lancha navegava à noite totalmente apagada. Se eu não desvio, ia ser uma batida feia”, contou.

Para o vice-presidente da Federação Náutica de Brasília (FNB), Homero Corrêa Martins, a fiscalização exercida pela Capitania dos Portos não é eficiente. E, para ele, uma sugestão para torná-la mais eficaz é aumentar as abordagens nos fins de semana, principalmente para coibir o abuso da velocidade. “Não é necessário a Marinha colocar todas as suas embarcações no lago todos os dias. Basta intensificar nos fins de semana. O acidente com a lancha foi um fato isolado”, considera. Ele se refere ao naufrágio (Leia Memória) da lancha Front Roll, na madrugada do último dia 22. Na ocasião, duas irmãs morreram.

O comandante da Delegacia Fluvial de Brasília, o capitão de corveta Rogério Leite, destacou que uma das medidas para evitar acidentes entre embarcações no lago é estimular os condutores a seguirem a Lei de Segurança de Tráfego Aquaviário (Lesta).(1) “A Marinha já intensificou as operações, mas pedimos que os condutores de embarcações sigam as regras. Não podemos culpar sempre o poder público quando ocorre uma tragédia”, destacou o oficial.

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