domingo, 2 de maio de 2010

Sem previsão de mudança





Jornal de Brasília

29/04/2010

Os pedestres e motoristas que pedem por mais segurança nas vias e passagens subterrâneas do Eixo Rodoviário terão que esperar. Devido ao tombamento de Brasília, o projeto de revitalização e repaginação da rodovia, desenvolvido em 2007, continua parado e sem data para implantação. As muretas no centro do Eixão, que deveriam ficar prontas em 2008, foram excluídas dos planos do antigo Governo do Distrito Federal. A decisão foi tomada depois que o arquiteto Oscar Niemeyer se manifestou contrário à proposta.

Além disso, a ciclovia que seria construída na via e as passagens para pedestres que seriam reformadas também não saíram do papel. Os engenheiros e técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e do Departamento de Estradas de Rodagens (DER) não entram em um consenso sobre o tema. Enquanto os órgãos responsáveis pelo projeto discutem, os dados do Departamento de Trânsito do DF (Detran) mostram que os moradores do DF continuam expostos ao perigo: no período 2002 a 2009 ocorreram 88 acidentes de trânsito com mortes na via, cerca de 11 por ano. Na opinião do ex-secretário de Transportes do DF, o deputado Alberto Fraga(DEM), a repaginação da rodovia é a única saída para acabar com o alto número de acidentes. Segundo ele, existem apenas duas opções para resolver o problema: erguer as muretas ou revitalizar as passarelas subterrâneas. "Não é possível que o tombamento da cidade seja mais importante do que as pessoas que nela vivem", afirmou.

Para o superintendente do Iphan, Alfredo Gastal, os acidentes que ocorrem na via são culpa das escolas de direção. "Eu já viajei o mundo inteiro e nunca vi uma ba- gunça tão grande no trânsito como eu vejo aqui. O problema do DF são os motoristas, as autoescolas. Se fizermos muretas no Eixão, vão bater nelas, vão destruí-las", disse. A proposta de um muro de contenção na rodovia tinha sido aceita em 2008 pelo Instituto.

A moradora da Samambaia Edileine Santos, 27 anos, contou que quase foi atropelada na pista por duas vezes. "Eu prefiro correr o risco de atravessar por cima mesmo. Durante a noite, no horário em que estou voltando para casa, não tem como atravessar pelas passagens subterrâneas. Elas são completamente escuras e eu tenho medo de ser assaltada ou, até mesmo, violentada. Além disso, têm um cheiro insuportável de xixi e vários moradores de rua ficam lá, usando drogas", reclama o faxineira. Ela disse que o projeto, debatido há mais de 14 anos, seria a solução para os seus problemas. "Ia ser muito bom, né? Aí
sim eu ficaria tranquila."

 Estudos do DER, divulgados em 2009, mostram que o Eixão está na lista das cinco rodovias mais perigosas do DF junto com a Estrada Parque Núcleo Bandeirante (EPNB), a Via Estrutural, a Estrada Parque Taguatinga (EPTG) e a Estrada Parque Indústria e Abastecimento (Epia). Ainda assim, o atual diretor do órgão, Luiz Carlos Tanezini, também não concorda com a construção de muretas no centro, entre as pistas. "Acredito que para diminuir o número de acidentes bastaria aos motoristas da cidade ter consciência dos limites de velocidade."

Iphan é contra "exageros"

Pedestres são fruto da falta de edu cação e cidadania dos brasilienses. Para o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, Paulo César Marques, a maior causa de acidentes n DF é o agrupamento de rodovias vias. "A  entrada das rodovias em áreas urbanas é muito perigosa São motoristas, no mesmo espaço com interesses diferentes. Rodovias que têm vias marginais dêstinadas apenas ao tráfego local sã muito mais seguras." A iluminação e a limpeza das passagens subterrâneas é defendida pelo superintendente do Iphan. Entretanto, ele não apoia a ampliação delas. "Acho muito importante para os moradores do DF uma revitalização naqueles locais. Mas, não concordo com outros exageros", disse. Ele afirmou ainda que a efetivação da reforma das 19 passarelas depende dos órgãos regionais: Secretarias de Obras e Transportes. O instituto considera também que, no caso da ciclovia, as pontes teriam de ser construídas sob as "tesourinhas", o que fere o tombamento de Brasília.

As escadarias das novas passagens subterrâneas também, já que ocupariam parte do espaço das quadras. O carpinteiro Jorge Lima, 33 anos, acredita que a reforma nas passagens pode resolver o problema de assaltos e estupros, mas não de atropelamentos. "Eu acho que o povo é preguiçoso mesmo. Eles veem a pista e vão logo atravessando, não querem descer e nem subir escadas", ressaltou. Para ele, os acidentes com pedestres são fruto da falta de educação e cidadania dos brasilienses. Para o professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UnB, Paulo César Marques, a maior causa de acidentes no DF é o agrupamento de rodovias e vias. "A  entrada das rodovias em áreas urbanas é muito perigosa. São motoristas, no mesmo espaço, com interesses diferentes. Rodovias que têm vias marginais destinadas apenas ao tráfego local são muito mais seguras."

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